Como foi o acidente que fez Roberto Carlos perder a perna

Publicado em 23/12/2023

O “rei” Roberto Carlos, de 82 anos, que conduziu seu especial de fim de ano na última sexta-feira (22) na Globo, se mantém reservado sobre sua vida pessoal. Mas, como ele mesmo canta em uma de suas músicas mais famosas: “se chorei ou se sorri, o importante é que emoções eu vivi”.

Ao longo dos anos, peças do quebra-cabeças sobre um dos maiores tabus da vida do artista foram gradualmente reveladas: o acidente que resultou na perda parcial de sua perna direita aos seis anos.

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O episódio traumático é ecoado em duas músicas do cantor: “O Divã” (“Relembro bem a festa, o apito/E na multidão um grito/O sangue no linho branco”) e “Traumas” (“Falou dos anjos que eu conheci/No delírio da febre que ardia/Do meu pequeno corpo que sofria/Sem nada entender”).

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Conforme relato do biógrafo Paulo Cesar de Araújo, o incidente ocorreu em 29 de junho de 1947, em Cachoeiro de Itapemirim, cidade natal de Roberto Carlos, no interior do Espírito Santo. Na celebração do dia de São Pedro, o menino Roberto Carlos, conhecido como Zunga na época, estava com a amiga Eunice Solino, a Fifinha, observando as festividades.

Uma professora notou que estavam muito próximos da linha de trem, alertando sobre o perigo iminente de uma locomotiva a vapor carregada de minério de ferro. O susto fez com que Roberto Carlos tropeçasse, sendo atingido na canela direita quando o trem passou, conforme relatado por Eunice Solino ao biógrafo para o lviro “Roberto Carlos Outra Vez”.

“Me lembro da professora na frente do trem, gritando para o maquinista parar. Mais um pouco e ela também podia ter sido atropelada, porque se desesperou, coitada. Guardo até hoje essa imagem comigo”, contou Eunice.

Algumas pessoas tentaram levantar a locomotiva, outras retiraram o menino dos trilhos e uma ambulância foi chamada. Renato Spíndola e Castro, um jovem na multidão, improvisou um torniquete com seu paletó de linho e levou o garoto ao hospital em seu carro, referenciado na música “O Divã” como o “sangue no linho branco”.

No hospital, o médico Romildo Gonçalves adotou uma técnica inovadora para a época: ao invés de amputar a perna na altura do joelho, como era comum, realizou a amputação um pouco abaixo, permitindo que Roberto Carlos mantivesse movimentos na articulação.

Mesmo diante da gravidade do acidente, Roberto Carlos, segundo relato do médico, não parecia perceber a gravidade da situação e disse: “Doutor, cuidado para não sujar muito o meu sapato porque é novo”. Ele não sentia dor, porque o veículo havia destruído os nervos que davam sensibilidade à região.

Após o acidente, aos 14 anos, Roberto Carlos conseguiu uma prótese, encerrando um período em que ele utilizava muletas e prendia a barra da calça com um alfinete, como revelou o jornalista Nelson Motta, que produziu uma série sobre a vida do cantor em colaboração com o diretor Breno Silveira.


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