Cuidado redobrado: Aedes aegypti se adapta e fica mais forte
Publicado em 27/02/2024
Dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses do Ministério da Saúde apontam que, no Pará, até o último dia 23 deste mês, foram notificados 2.567 casos prováveis de dengue e um óbito foi registrado no estado em decorrência da doença. No momento em que há um aumento no número de casos da doença, a atenção dos órgãos de saúde se volta para o controle e combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue e outras doenças como zika e chikungunya.
Este período, em que as chuvas se intensificam, é propício à proliferação do mosquito, que se reproduz em recipientes que acumulam água das chuvas, por exemplo. O Aedes aegypti é um mosquito altamente urbanizado, ou seja, está presente no meio urbano, e possui algumas características que o diferenciam dos demais mosquitos, conforme explica Bárbara Almeida, coordenadora estadual de Entomologia da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa).
“Ele se adaptou ao meio urbano, é um vetor que tem hábito diurno e é altamente antropofílico (artrópode que prefere se alimentar em humanos), então ele tem o ato de se alimentar pelos períodos da manhã, porém é um mosquito oportunista também. Se ele encontrar uma possibilidade de se alimentar, seja até num ambiente noturno, ele vai em busca desse alimento”, pontua a coordenadora.
MENOR
Dentre as principais características que diferenciam o Aedes dos demais mosquitos é que ele costuma ser menor do que os mosquitos comuns. É preto com listras brancas no tronco, na cabeça e nas pernas. E as asas são translúcidas. Além disso, de acordo com a coordenadora, são as fêmeas do Aedes que se alimentam do sangue humano. Isto porque, elas precisam de sangue para a maturação dos seus ovos. Enquanto os machos se alimentam de seivas de plantas.
Em geral, o horário em que o mosquito busca alimentação é durante o dia, entre 7h às 10h. Contudo, a adaptação do mosquito ao meio urbano fez com que ele passasse a se alimentar também no entardecer, entre 16h até às 18h, por exemplo. “No momento da picada dela, da fêmea, ela tem uma solução anestésica no aparelho bucal. Às vezes, a pessoa nem sente que está sendo picada. Ela pode picar o rosto, os braços e pernas. Não há um local específico de preferência. Mas ela tem um horário bem estabelecido”, garante.
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Outra diferença dos mosquitos comuns para o Aedes é que os demais se proliferam facilmente em águas mais sujas. Já o Aedes prefere reproduzir em água mais limpa e em recipientes escuros ou sombreados, a exemplo dos pneus. Outra curiosidade é que o Aedes, mesmo estando alimentado, pode continuar picando as pessoas ou até animais domésticos, como cães e gatos.
“O mosquito que a gente tem muito evidente é do gênero Culex. Ele é marronzinho, diferente do Aedes, que vai ter uma coloração preta, com umas pintas brancas. O Culex geralmente faz a alimentação sanguínea nesse ser humano até ficar satisfeito. Geralmente, o Aedes, mesmo já estando alimentado e com seus ovos maturados, pode se alimentar de vários hospedeiros”, destaca a coordenadora.
Na luta contra o mosquito, a Sespa atua na capacitação de profissionais para que as prefeituras atuem com agentes de endemias, que realizam visitas nas casas da população para eliminar possíveis criadouros do mosquito. “Os municípios são descentralizados e têm esse papel de executar ações e serviços de prevenção e controle das arboviroses dentro do seu espaço territorial”, frisa.
Contudo, é essencial que a população faça a sua parte para combater o mosquito e, com isso, reduzir o número de casos da doença, que pode matar. “O primordial é eliminar os criadouros. A gente sabe que o poder público tem o seu papel no controle e na prevenção da doença. Mas a população precisa ser corresponsável. A primeira coisa, independente do uso de repelentes ou de inseticidas no seu ambiente domiciliar, é importante eliminar esses criadouros. Eliminar (o mosquito) nas formas larvais é mais fácil do que eliminar na forma adulta. É preciso ter todo um cuidado com a sua própria residência, com o uso de garrafas, plantinhas, calhas e caixas d’água”, exemplifica.
Às vezes, a pessoa nem sente que está sendo picada. Ela pode picar o rosto, os braços e pernas. Não há um local específico de preferência. Mas ela tem um horário bem estabelecido”. Bárbara Almeida, Sespa.