Drone: mercado paraense precisa de piloto

Publicado em 19/05/2024

Piloto de drone está entre os 25 cargos em alta no país e a demanda por esse tipo de profissional deve crescer significativamente, impulsionada por avanços tecnológicos e expansão de setores como logística, agronegócio e entretenimento. Há oportunidades em várias áreas.

Um piloto de drone é um profissional treinado para operar e controlar Veículos Aéreos Não Tripulados (VANTs), conhecidos como drones. O mercado de uso de drones teve um impulso nos últimos seis anos, abrindo um mercado promissor, com diversas exigências legais e técnicas, o que contribui para um mercado novo e com espaço para crescimento.

A Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) é um celeiro de formação desde 2017. Liderado pelo Instituto Ciber Espacial, a pilotagem de drones é uma das formações que estão integradas com cursos de graduação e pós-graduação (especialização) direcionadas ao monitoramento e avaliação de áreas urbanas, rurais e, especialmente, para as áreas de conservação e agropecuária.

O engenheiro florestal Robson Carrera coordena o Laboratório de Agrimensura e Levantamentos Fundiários e o curso de Especialização em Geoprocessamento e Georreferenciamento de Imóveis Rurais do Instituto Ciber Espacial da UFRA, campus Belém.



“O uso de drones pode ser dividido em operações de voo livre, conhecidos como operação de drones para eventos de comunicação e marketing, que exigem cadastramento na Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) do equipamento; e em operações de mapeamento de áreas como levantamentos aéreos e aplicações de defensivos para lavouras e plantios florestais”, detalha.

A UFRA capacita anualmente entre 30 a 50 profissionais para a utilização de drones no mapeamento, na formação acadêmica de agrônomos, engenheiros florestais, engenheiros ambientais e engenheiros cartógrafos e agrimensores. “Na pós-graduação temos 50 profissionais formados e habilitados e 85 com proposta de diplomação para agosto de 2024 no Pará, além de 100 já formados no Amapá no curso de pós-graduação em geoprocessamento e georreferenciamento de imóveis rurais”, contabiliza.

Dentro do segmento de operações e mapeamento com drones, o curso de Engenharia Cartográfica e de Agrimensura oferece uma formação em sensoriamento remoto, topografia, cartografia, Sistema de Informação Geográfica e Fotogrametria, capacitando o aluno para o uso em operações de mapeamento e monitoramento. “Os drones são equipados com sensores remotos, como câmeras multiespectrais ou laser (LiDAR) que levantam dados precisos do terreno”, destaca o professor.

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No curso, o aluno aprende conceitos de topografia, geodésia (medição e cálculo acima de superfícies) e sensoriamento remoto, fundamentais para entender como os dados coletados por drones se relacionam com a superfície terrestre e como são referenciados a sistemas de coordenadas globais.

O curso inclui ainda o aprendizado de técnicas de processamento de imagens para a criação de modelos tridimensionais do terreno ou de objetos, para obter informações precisas sobre a forma, tamanho e posicionamento de objetos e terreno a partir de imagens fotográficas, que são utilizadas em avaliações e interpretação de dados espaciais e criação de documentos cartográficos.

“No mercado de trabalho, os alunos com foco em operação e mapeamento com drones podem atuar em empresas de geotecnologia, empresas de agrimensura, órgãos governamentais ambientais, fundiários, judiciais e consultorias especializadas em mapeamento e monitoramento ambiental”, diz Robson.

O curso, segundo ele, abrange um leque de opções de atuação, nas quais as mais atraentes são para as áreas que envolvem geoprocessamento e sensoriamento remoto, “capazes de avaliar uso e cobertura da terra, expansão urbana, supressão vegetal para dar subsídios a regularização ambiental”.

Formação depende do perfil de uso dos pilotos para o trabalho. 



A regularização fundiária tem destaque no uso de drones na atuação em georreferenciamento de imóveis para ordenamento territorial. “Essa formação alimenta o mercado com instrutores capacitados para planejamento de voo de drones, com qualificação em cursos livres de pilotagem”, diz Robson Carrera.

No segmento de eventos o mercado teve uma expansão com formação de instrutores vindos de diversas áreas. “Muito embora não haja uma regulação específica para estes profissionais, o curso fornece subsídios para que futuros operadores de drone possam atuar em áreas adjacentes de mapeamento, ministrando cursos”, cita.

Nesse nicho de mercado, o uso de drones para pilotagem segue ritos simples de operação, já que a aplicação abrange a assessoria do evento e tomadas aéreas que permitam operador obter imagens e vídeos com equipamentos mais acessíveis e que tenham uma pilotagem mais simplificada, em voos livres.

Os equipamentos variam de valores sendo alguns mais acessíveis para a pilotagem de eventos, enquanto que para as atividades que exigem qualificação superior, os valores mais altos. “Drones para voos livres podem variar de R$ 300,00 a R$10.000,00 de acordo com o modelo e peso. Já os mais especializados podem variar de R$15.000,00 a R$550.000,00 com todos os acessórios’, calcula Carrera.

Caso deseje atuar na pilotagem de eventos, os cursos livres são a melhor opção, recomenda o professor, já que possuem baixo custo de aquisição de equipamentos e com duração de uma semana. “Para as áreas mais especializadas os cursos de graduação da UFRA são uma boa opção, especialmente a engenharia cartográfica e de agrimensura, com duração de 5 anos e de forma gratuita”.

Salários podem chegar a mais de R$ 5 mil

Alan Perdigão Mendonça é técnico em Agropecuária, graduado em Zootecnia e Matemática e Mestre em Agronomia. É servidor da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) e consultor pecuário.



Sua capacitação na operação de drones se deu pela necessidade de obter mapeamento de áreas agrícolas, através de sensorialmente remoto. “Ocorre que a Região Norte possui muitos problemas com nuvens que atrapalha a captação de imagem de sensor de satélite e as imagens de drones chegaram para solucionar essa questão”, conta.

Alan diz que a utilização do equipamento na área agropecuária é irreversível e só tende a crescer. “O produtor que tem acesso a essa tecnologia, seja na pulverização ou plantio de sementes, não vai mais querer fazer de outra forma, pois o trabalho com drone é eficiente, rápido e não é prejudicado com declividade do terreno e solo encharcado por exemplo”. O Uso dos drones no setor também é utilizado em mapeamento aéreo, monitoramento de lavoura e aplicação de topografia.

“A qualificação de profissionais tanto para operação quanto para manutenção de drones ainda tem um custo alto, mas o investimento compensa, já que um bom operador hoje tem ganhos médios que podem alcançar até R$ 5 mil mensais”, contabiliza.

Forças de segurança também passam por formação

Desde 2021, por meio do Instituto de Ensino de Segurança Pública (IESP) e órgãos vinculados como o Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) realiza capacitações para operadores em aeronaves remotamente pilotadas (RPA), tendo formado mais de 150 profissionais de segurança pública e de comunicação das forças de segurança.

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A Segup disponibiliza 18 equipamentos entre drones, kits fly more e cartões de memória, para auxiliar nas ações policiais executadas pelos agentes de segurança. Os órgãos de segurança do Estado também possuem investimentos próprios para essa aquisição.

Em novembro do ano passado, 41 agentes de segurança foram capacitados. A turma concluinte foi formada por agentes da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp), Polícia Militar do Pará (PMPA), Polícia Civil (PCPA), Polícia Científica (PCEPA), Corpo de Bombeiros Militar (CBMPA), Força Aérea Brasileira, Marinha do Brasil, e ainda Polícia Militar do Amazonas.

As aulas teóricas ocorreram no auditório do Graesp, e abordaram temáticas como legislação, metodologia, conhecimento técnico e aeronáutico e geoprocessamento, todos aplicados ao drone. Enquanto que, nas aulas práticas, realizadas no Clube Aeronáutico, em Outeiro, foram desenvolvidas habilidades sobre os tipos de voos com treinamento adequado e conhecimento de equipamento; aperfeiçoamento de voo, voo noturno e geoprocessamento no voo.


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