Cães e gatos também podem doar sangue. Saiba como
Publicado em 30/05/2024
Cães e gatos também podem doar sangue. Mesmo que ainda pouco conhecida, a transfusão é responsável por auxiliar no tratamento e manutenção da saúde animal, considerada um procedimento muito seguro, tranquilo e rápido.
“O processo de doação segue todas as regras de biossegurança, em que é colhida a amostra do animal de forma segura, principalmente para o doador, que é o maior símbolo da doação de sangue. Colhemos de uma forma asséptica, utilizando materiais de insumos estéreis exclusivos para aquele animalzinho”, afirma Francisco Rodrigues, coordenador do Banco de Sangue Hemocora.
A transfusão sanguínea em animais é considerada como transplante de órgãos. Funciona como suporte no tratamento de doenças de caráter hematológico ou parasitárias, que causam apatia, debilidade e anemia severa em cães e gatos.
Para ser doador, o cão precisa estar acima de 25 quilos e ter de 1 a 8 anos de idade, além de estar vacinado e ter acompanhamento médico regular. Os gatos também precisam ter entre 1 e 8 anos, mas pesar acima de 4 quilos, viver em ambiente doméstico, sem acesso a rua e ter feito uso de antiparasitário. Assim como em humanos, a doação do sangue de pets deve ser feita no intervalo de 3 meses entre as coletas, mediante avaliação clínica e exames.
“Existem algumas restrições. Não pode doar o animalzinho que já passou por algum procedimento cirúrgico de retirada do baço, que é um órgão importante para relação sanguínea; aqueles que fazem uso contínuo de medicação, como pacientes endócrinos; e pacientes que fazem uso de corticoide, como os asmáticos. Fêmeas não castradas podem doar quando não estiverem no período de cio”, pontua.
Uma bolsa de sangue pode salvar 4 vidas. No caso de gatos, o material coletado é destinado apenas para um animal, enquanto no caso dos cães, os 450ml captados podem ajudar no tratamento de até quatro cachorros, a depender do peso. Segundo balanço anual do Hemocora, em 2023, foram 193 gatos e mais de 280 cães cadastrados como doadores de sangue no hemocentro do hospital veterinário. As férias, feriados prolongados e festas de fim de ano são os períodos que registram menor captação desse material.
“Em cão a colheita é mais tranquila porque a principal característica que ele tem que ter é ser extremamente dócil. Ele vai ficar deitado na mesa, brincamos com ele e depois puncionamos a jugular, esse processo todo dura em média de dez a quinze minutos. Já os gatos se estressam muito fácil, então a gente tem um manejo catfriendly maior. Para que ele contribua e não fique incomodado com a punção, nós fazemos uma tranquilização com medicações que não alteram o padrão hemodinâmico dele”, esclarece Francisco Rodrigues.
DOAÇÃO
A doação de sangue é um ato de solidariedade. É o que afirma a servidora pública Jéssica Saito, de 31 anos. Tutora de felinos, ela tem oito gatos doadores que contribuem trimestralmente para os estoques do Banco de Sangue do Hemocora.
“Eu aceitei trazer meus gatos para serem doadores de sangue pela importância que isso tem. Assim como tem doação entre humanos, que salvam vidas, a doação entre pets também salva vidas. É uma forma de ajudar. Eu amo os animais e penso na situação deles porque quando precisam é com urgência. Eu tento me colocar no papel da família desse animalzinho”, afirma a tutora do gato Duque.
Em 2021, após uma consulta, ela foi comunicada que sua gata, a Linda, estava apta a ser o principal elo dessa relação. Após se informar sobre o procedimento, Jéssica optou por cadastrar a gata como uma doadora. Logo, a tendência se estendeu para os demais gatos.
“Eu busco dar rações de qualidade para eles, colocar sachês porque os gatos bebem menos água e precisam estar sempre bem hidratados. A minha casa é telada para que eles não tenham acesso à rua porque eles podem pegar doenças. Eles também utilizam antiparasitários que é para afastar pulga, sarna, carrapato, piolho que podem causar doenças sérias para eles”, conclui Jéssica.