OMS declara mpox como emergência em saúde pública global

Publicado em 15/08/2024

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou ontem (14) que o cenário de mpox no continente africano constitui emergência em saúde pública de importância internacional em razão do risco de disseminação global e de uma potencial nova pandemia. Este é o mais alto nível de alerta da entidade.

Em coletiva de imprensa em Genebra, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, destacou que surtos de mpox vêm sendo reportados na República Democrática do Congo há mais de uma década e que as infecções têm aumentado ao longo dos últimos anos.

Em 2024, os casos já superam o total registrado em 2023 e somam mais de 14 mil, além de 524 mortes. “A OMS vem trabalhando para conter os surtos de mpox na África e alertando que o cenário é algo que deve preocupar a todos nós. Na semana passada, convoquei o comitê de emergência para avaliar a situação na República Democrática do Congo e em outros países na África. Hoje, o comitê se reuniu e informou que, em sua visão, a situação constitui emergência em saúde pública de importância internacional”.

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Tedros lembrou que o Centro de Controle e Prevenção de Doenças africano (CDC África) já havia declarado o cenário de mpox na região como emergência em saúde pública de segurança continental. O anúncio foi feito anteontem (13) pelo diretor-geral da entidade, Jean Kaseya, ao citar a rápida transmissão da doença na África.

“Aceitei a recomendação do comitê. A detecção e a rápida disseminação de uma nova variante de mpox na República Democrática do Congo, a detecção dessa mesma variante em países vizinhos que não haviam reportado casos da doença anteriormente e o potencial de disseminação em toda a África e além são muito preocupantes”, disse Tedros.

“Está claro que uma resposta internacional de forma coordenada é essencial para interromper esses surtos e salvar vidas. Uma emergência em saúde pública de importância internacional é o mais alto nível de alarme na legislação sanitária”, concluiu.

PRIMEIRA

Em maio de 2023, quase uma semana após alterar o status da covid-19, a OMS declarou que a mpox também não configurava mais emergência em saúde pública de importância internacional. Em julho de 2022, a entidade havia decretado status de emergência em razão do surto da doença em diversos países.

“Assim como com a covid-19, o fim da emergência não significa que o trabalho acabou. A mpox continua a apresentar desafios de saúde pública significantes que precisam de resposta robusta, proativa e sustentável”, declarou, à época, o diretor-geral da OMS.

“Casos relacionados a viagens, registrados em todas as regiões, demonstram a ameaça contínua. Existe risco, em particular, para pessoas que vivem com infecção por HIV não tratada. Continua sendo importante que os países mantenham sua capacidade de teste e seus esforços, avaliem os riscos, quantifiquem as necessidades de resposta e ajam prontamente quando necessário”, alertou Tedros em 2023.

A mpox é uma doença zoonótica viral. A transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animais silvestres infectados, pessoas infectadas pelo vírus e materiais contaminados. Os sintomas, em geral, incluem erupções cutâneas ou lesões de pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrio e fraqueza 

VEJA PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE MPOX

O QUE É MPOX?

A mpox é uma doença viral causada pelo mpox vírus. Esse vírus foi originalmente transmitido de animais para humanos, mas agora também circula entre pessoas.

COMO POSSO PEGAR?

A transmissão da mpox para humanos pode ocorrer:

– Por meio do contato direto com uma pessoa infectada;

– No contato com materiais contaminados, como roupas, toalhas ou utensílios compartilhados;

– Pelo contato com animais silvestres infectados, especialmente roedores.

O tempo entre o contato com o vírus e o aparecimento dos primeiros sintomas (período de incubação), varia entre 3 a 16 dias, mas pode se estender até 21 dias.

QUAIS SÃO OS SINAIS E SINTOMAS DE MPOX?

Os sinais e sintomas da mpox geralmente incluem erupções cutâneas ou lesões na pele, linfonodos inchados (ínguas), febre, dores no corpo, dor de cabeça, calafrios e sensação de fraqueza.

Esses sintomas variam em intensidade, e as erupções na pele são um dos sinais mais característicos da doença.

Algumas erupções são planas, outras são levemente elevadas, preenchidas com líquido claro ou amarelado.

Com o tempo, essas lesões formam casquinhas que secam e caem.

A quantidade pode variar de algumas a milhares e tende a se concentrar no rosto, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, mas podem surgir em qualquer parte do corpo, incluindo boca, olhos, órgãos genitais e ânus.

Outras doenças apresentam sintomas semelhantes, como herpes zoster, herpes simples, infecções bacterianas da pele e sífilis. Por isso, é importante procurar um profissional para o diagnóstico correto.

O QUE FAZER SE EU ESTOU COM SUSPEITA DE MPOX?

É importante procurar uma unidade de saúde para avaliação imediata.

Informe ao profissional de saúde se você teve contato próximo com alguém que tenha suspeita ou confirmação da doença. Enquanto aguarda avaliação, isole-se e evite contato próximo com outras pessoas para prevenir a transmissão.

COMO É O DIAGNÓSTICO?

O diagnóstico da mpox é confirmado por exames laboratoriais, por meio de testes moleculares ou sequenciamento genético.

As amostras são coletadas das secreções das lesões, ou, se as lesões estiverem secas, das casquinhas. Essas amostras são enviadas para análise de um especialista em laboratório.

QUANTO TEMPO POSSO FICAR COM A DOENÇA?

A mpox geralmente evolui para quadros leves a moderados e pode durar de 2 a 4 semanas.

A pessoa é capaz de transmitir o vírus desde o início dos sintomas até que todas as lesões na pele cicatrizem completamente.

COMO PREVENIR?

A prevenção da mpox envolve evitar contato direto com pessoas que tenham suspeita ou confirmação da doença.

Pessoas com suspeita ou confirmação de mpox devem se isolar imediatamente e não compartilhar objetos pessoais.

Além disso, é importante lavar as mãos e desinfetar superfícies e objetos contaminados.

Em casos onde o contato é necessário, como no cuidado de pacientes, é essencial o uso de luvas, máscaras, avental e óculos de proteção.

EXISTE VACINA?

Sim. Existem três imunizantes disponíveis, mas apenas as pessoas em risco ou que tiveram contato próximo com uma pessoa infectada podem tomá-los. Isso inclui pessoas vivendo com HIV/aids e profissionais de laboratório que trabalham com a análise do vírus. A OMS não recomenda a vacinação massiva, ou seja, de populações inteiras de um país.

QUAL É O TRATAMENTO?

Ainda não existe um medicamento específico para o tratamento da mpox. O tratamento consiste em aliviar os sintomas, prevenir complicações e evitar sequelas.

A maioria dos casos é leve ou moderada, mas a doença pode ser fatal quando não tratada corretamente.

Ministério da Saúde vê risco baixo da doença no Brasil

O Brasil já registrou 709 casos e 16 mortes por mpox este ano. Apesar do aumento e a circulação de uma variante mais perigosa do vírus, o Ministério da Saúde avalia que o risco é baixo para o país. A pasta se reuniu com especialistas para atualizar o plano de ação e as recomendações de combate à doença no país na terça (13).

Em nota, o Ministério informou que acompanha com atenção a situação no mundo, além de monitorar informações junto à Organização Mundial da Saúde e instituições como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

Mpox é o novo nome adotado pela OMS para a varíola dos macacos.

Segundo o Ministério da Saúde, a maioria dos pacientes se recupera em um mês com tratamento, mas a doença pode levar à morte caso não haja intervenção adequada.


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