Praga afeta plantações de mandioca em Terras Indígenas
Publicado em 18/08/2024
O Ministério da Agricultura e Pecuária confirmou, nesta semana, o primeiro caso no Brasil da praga conhecida como “vassoura de bruxa”. O nome foi dado porque deixa os ramos das plantas secos e deformados, incluindo nanismo e proliferação de brotos fracos e finos nos caules.
A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) detectou a primeira suspeita do fungo Ceratobasidium theobromae (Rhizoctonia theobromae), causador da doença, em 2023. A partir daí, coletou amostras e enviou para análise em laboratório.
A espécie foi achada em lavouras de mandioca localizadas em terras indígenas, no Oiapoque, ao norte do Amapá, na fronteira com a Guiana Francesa. Os caciques da região notaram os prejuízos nos plantios das aldeias indígenas Ahumãm, Anawerá, Tuluhi e Tukay, e acionaram a instituição de pesquisa para avaliar o caso.
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Oiapoque concentra a maior população indígena do Amapá e a mandioca é fundamental para o preparo de alimentos essenciais do cotidiano, como beiju, tapioca, carimã, tucupi, tacacá, entre outros. Para quem vive da agricultura familiar, o produto é a base da farinha mais comercializada no estado. A perda total de produção, do início da investigação até hoje, não foi confirmada.
Em julho do ano passado, o governo do Amapá decretou situação de emergência para agir contra doenças causadas por fungos em áreas indígenas. Entre as medidas adotadas pelo executivo estadual estão a distribuição de mais de 4 mil kits de alimentos, em duas etapas, e o envio de 50,5 toneladas de farinha para as comunidades.
Em nota técnica, a Embrapa afirmou que a dispersão da praga pode ocorrer por meio de material vegetal infectado, ferramentas de poda, além de possível movimentação de solo e água. Como também, o deslocamento de plantas e produtos agrícolas entre regiões pode facilitar o aumento do risco de infecção em novas áreas.
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Atualmente, o fungo está presente também nos municípios de Calçoene e Amapá, ao sul de Oiapoque, disse a instituição.
O ministério classificou a espécie do fungo como pragas quarentenárias ausentes (PQA), sendo aquelas “de importância econômica potencial para determinada área em perigo e ainda não presentes”, conforme estabelecido pela NIMF (Normas Internacionais para Medidas Fitossanitárias) nº 5, da Convenção Internacional para a Proteção dos Vegetais (CIPV).
Essa classificação da praga apresenta riscos diferenciados em razão de suas características (reprodução, sobrevivência, capacidade de dispersão etc.) e, por isso, são necessárias ações específicas de controle.
Com a confirmação oficial da presença da praga, o ministério destacou que enviou técnicos ao Amapá para discutir o problema e as ações de defesa fitossanitária com autoridades locais e especialistas da Embrapa local, da Embrapa Mandioca e do Centro Nacional de Pesquisa de Mandioca e Fruticultura.
Para diminuir os impactos, o governo federal disse que devem ser adotadas medidas como a intensificação do monitoramento; implementação de medidas de quarentena; uso de manivas com comprovada sanidade; uso de fungicidas específicos para controlar a dispersão do patógeno; remoção e eliminação por queima de plantas doentes; assepsia de ferramentas utilizadas para a destruição das plantas com sinais da doença; ensacamento e rápida lavagem de roupas, calçados e chapéus e ou bonés utilizados nas visitas em áreas afetadas; e ações de comunicação local.
Para ações de vigilância, o ministério disse que foi instituído o Programa Nacional de Prevenção e Vigilância de PQA, para evitar a propagação em território nacional, mantendo um sistema de vigilância para detecção precoce e identificação destas pragas, aplicando medidas de mitigação de risco nos casos de suspeita da sua ocorrência no país.