Mais de 40 mil brasileiros vivem com esclerose múltipla
Publicado em 31/08/2024
O Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla foi celebrado na última sexta-feira (30). A data foi instituída com o objetivo de dar maior visibilidade e informar a população sobre a doença. De acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), esta é uma doença neurológica, crônica e autoimune, ou seja, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares.
A estimativa da Abem é que cerca de 40 mil brasileiros tenham a doença. Nos portadores de esclerose múltipla, as células imunológicas invertem seu papel: ao invés de protegerem o sistema de defesa do indivíduo, passam a agredi-lo, produzindo inflamações. As inflamações afetam particularmente a bainha de mielina, uma capa protetora que reveste os prolongamentos dos neurônios, denominados axônios, responsáveis por conduzir os impulsos elétricos do sistema nervoso central para o corpo e vice-versa.
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Com a mielina e os axônios lesionados pelas inflamações, as funções coordenadas pelo cérebro, cerebelo, tronco encefálico e medula espinhal ficam comprometidas. Desta forma surgem os sintomas típicos da doença, como fadiga, alterações na visão, na sensibilidade do corpo, no equilíbrio do controle esfincteriano e na força muscular dos membros com consequentemente redução na mobilidade ou locomoção. A doença não tem cura e tem sido foco de muitos estudos no mundo todo, o que tem possibilitado uma evolução na qualidade de vida dos pacientes, geralmente jovens e de modo especial mulheres de 20 a 40 anos.
O diagnóstico é basicamente clínico e laboratorial, embora em alguns casos os exames sejam insuficientes para definir de imediato se a pessoa tem ou não esclerose múltipla. Isso ocorre, pois os sintomas se assemelham a outros tipos de doenças neurológicas.
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Para o tratamento, é recomendado fisioterapia e medicamentos, dependendo dos sintomas e gravidade do paciente. A fisioterapeuta neurofuncional, Erika Grunvald, destaca que a fisioterapia é fundamental para o tratamento dos pacientes, principalmente por esta doença afetar regiões como os membros superiores e inferiores, o que pode prejudicar a locomoção da pessoa. Dependendo da sintomatologia do paciente, o plano de tratamento é diverso.
Erika comenta que com a esclerose múltipla, os pacientes podem apresentar fraqueza muscular, justamente em decorrência da menor condução nervosa até o músculo, com menos informações e impulsos para contrair e gerar movimento. “O paciente apresenta fadiga e a fisioterapia envolve atividades para regeneração nervosa, com estímulo para adaptação e promover técnicas de conservação de energia para o paciente não se sentir tão fadigado em ações cotidianas como se equilibrar ou subir uma escada”.
O planejamento fisioterapêutico foca em treinamentos específicos que envolvem atividades, observando, por exemplo, a alteração no andar e a fraqueza muscular do paciente. Entre as atividades, podem ser realizados exercícios de flexibilidade, treinos de equilíbrio e para aumento na amplitude do passo. “É importante verificar como o paciente reage a estes exercícios, pois com a fadiga, precisamos ficar mais atentos e como melhor realizar a fisioterapia. Um paciente pode reagir melhor do que outro a determinado estímulo”.
A fisioterapeuta ressalta, ainda, que o tratamento do paciente deve ser com uma equipe multidisciplinar, para que este possa ter um melhor atendimento, conforme a variação de sintomas e condições clínicas. “A gente sempre vai pensar na funcionalidade. Não é só treinar força ou só fazer fisioterapia, é preciso um olhar mais amplo de vários especialistas para observar qual direcionamento pode ser feito para a regeneração de uma função específica do paciente que esteja acometida”, aconselha Erika Grunvald.