Celular aumenta risco de câncer no cérebro? OMS responde!

Publicado em 05/09/2024

Desde que o primeiro celular foi criado, há cerca de 50 anos, alguns estudos sugeriram uma possível relação entre os aparelhos e um maior risco de câncer no cérebro. Isso devido às ondas de radiofrequência que são emitidas pelo dispositivo. Porém, essa associação de fato existe?

Para responder a essa pergunta, a Organização Mundial de Saúde (OMS) encomendou uma ampla revisão de estudos sobre o tema, que englobou 63 trabalhos conduzidos entre 1994 e 2022 com participantes de 22 países diferentes. A conclusão foi que não existem evidências de que os celulares aumentem o risco de câncer no cérebro.

A análise, publicada na revista científica Environment International, foi liderada pelo diretor de Avaliação de Impacto em Saúde da Agência Australiana de Proteção contra Radiação e Segurança Nuclear (ARPANSA, da sigla em inglês), Ken Karipidi. Em comunicado sobre o tema, ele explica que os resultados estão alinhados com pesquisas anteriores do órgão, que também descartaram riscos do tipo:

“Os efeitos da tecnologia sem fio sobre a saúde são um dos tópicos de saúde mais pesquisados. As descobertas dessa revisão sistemática estão alinhadas com pesquisas anteriores conduzidas pela ARPANSA mostrando que, embora o uso da tecnologia sem fio tenha aumentado enormemente nos últimos 20 anos, não houve aumento na incidência de cânceres cerebrais”, diz.

Ele, que é também professor da Universidade Monash, na Austrália, comentou sobre os resultados da revisão num artigo publicado nesta semana no site The Conversation em conjunto com Sarah Loughran, diretora de Pesquisa e Assessoria de Radiação da ARPANSA.

“Os telefones celulares são frequentemente mantidos contra a cabeça durante o uso. E eles emitem ondas de rádio, um tipo de radiação não ionizante. Esses dois fatores são em grande parte o motivo pelo qual a ideia de que os telefones celulares podem causar câncer no cérebro surgiram em primeiro lugar”, explicam na publicação.

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ONDAS

No entanto, eles contam que o temor cresceu a partir de 2011, depois que a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC, da sigla em inglês), braço da OMS, incluiu a exposição a ondas de rádio na categoria 2B, que engloba fatores “possivelmente cancerígenos” para humanos.

Isso quer dizer que havia evidências limitadas, tanto em animais, como em humanos, de uma possível relação entre as ondas e novos casos de tumores malignos. Para os cientistas australianos, “o significado dessa classificação foi amplamente mal compreendido e levou a um aumento da preocupação”.

Eles explicam que a decisão foi baseada em estudos observacionais, que analisam fatores como hábitos ao longo do tempo e a incidência de doenças em busca de uma relação entre eles. “Estudos observacionais são a melhor ferramenta que os pesquisadores têm para investigar os efeitos a longo prazo da saúde em humanos, mas os resultados podem ser tendenciosos”, dizem os especialistas.

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A nova revisão sistemática também envolveu estudos observacionais, já que a intenção era avaliar um efeito a longo prazo, mas teve como base um conjunto de dados muito maior do que o avaliado pela Iarc há mais de 10 anos, com trabalhos mais abrangentes e focados nos celulares. A pesquisa mais compreensiva não encontrou qualquer evidência forte sobre os aparelhos e mais casos de câncer.

“Isso significa que agora podemos estar mais confiantes de que a exposição a ondas de rádio de telefones celulares ou tecnologias sem fio não está associada a um risco aumentado de câncer no cérebro”, afirmam os pesquisadores.

“Também não houve associação com câncer se uma pessoa usou um telefone celular por dez ou mais anos (uso prolongado). Quantas vezes eles o usaram – seja com base no número de chamadas ou no tempo gasto no telefone- também não fizeram diferença. É importante ressaltar que esses achados se alinham com pesquisas anteriores”, continuam.


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