Vai fazer maniçoba? Já compra a maniva!
Publicado em 26/09/2024
Faltando poucas semanas para o Círio de Nazaré, a maniçoba ocupa um lugar de destaque nas mesas dos paraenses. Preparada com maniva, a folha da mandioca, a iguaria é uma tradição que atravessa gerações. No Ver-o-Peso, a movimentação nas barracas que vendem maniva já começa em preparação para a data. Atualmente, o quilo (kg) da maniva varia entre R$6 e R$10, dependendo do tipo, que pode ser crua, pré-cozida ou cozida.
Se for crua, é necessário cozinhá-la por pelo menos 7 dias; pré-cozida, o tempo de cozimento diminui para cerca de 3 a 4 dias; enquanto a maniva já cozida precisa ser misturada aos ingredientes como carnes e charque, e cozida por mais um dia até apurar o sabor.
É o que explica Dinair Barros, de 62 anos, que há 33 anos vende maniva no Ver-o-Peso. Ela comenta que, embora ainda não tenha alcançado as vendas do ano passado, está otimista, e o tipo de maniva determina os períodos de venda. “Há aqueles que querem cozinhar por mais tempo, acreditam que a maniçoba fica mais gostosa, e optam pela crua. No momento, a pré-cozida tem saído mais. E sabemos que tem o pessoal que deixa para a última hora, esses são os que optam pela cozida”, descreve.
Alguns feirantes apontam que o preço pode subir nos próximos dias, devido à grande demanda. Dinair vende o kg da maniva crua por R$7, pré-cozida por R$8 e cozida por R$10, e já prevê um pequeno acréscimo, como costuma acontecer às vésperas do Círio, mas este ano, também, o fator climático contribuiu. “Quando chega próximo, a gente tem um reajuste, que talvez seja R$1 ou R$2 por kg, muito também por causa do nosso verão amazônico que foi muito forte e as temperaturas altas atrapalharam. E quem não se organizar vai acabar pagando mais caro”, comentou.
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ESPAÇO
No entanto, neste ano, os vendedores enfrentam um desafio a mais. Em meio às reformas no mercado, muitos estão em espaços temporários, o que tem gerado preocupação sobre o impacto nas vendas. Para Alexsandra Trindade, 24, o movimento começou forte no início de setembro e continua em ritmo acelerado. Ela vende o kg da maniva crua e da pré-cozida por R$7, e da cozida por R$10. Dependendo da quantidade comprada, ela também oferece promoções. Por dia, são mais de 200 kgs vendidos.
A vendedora aponta que o espaço provisório tem dificultado o trabalho, que se tornou pequeno para a quantidade de funcionários – em que o quadro aumentou devido a demanda do Círio – que antes contava com 4 e, hoje, ao todo, com 7 colaboradores. “As barracas são pequenas, não dá para colocar as coisas direito, como um freezer, ou simplesmente lavar toda a maniva. Fica tudo muito apertado. Alguns processos fazemos em casa e só trazemos. Esse ano tem sido um pouco difícil por isso”, conta a vendedora.
Jane Santos, 45, que também atua no mercado, compartilha a preocupação com o impacto da reforma nas vendas. Conforme Jane, são 300 kgs de maniva, de todos os tipos, vendidas diariamente. No entanto, ela afirma que a realocação temporária prejudicou o movimento: “muitos clientes não sabem direito ou não foram avisados sobre onde estaríamos. Além de estar apertado para trabalhar, o acesso é ruim”.
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Contudo, a expectativa de vendas permanece. Jane acredita que as vendas só serão superadas ao longo dos próximos dias. “A partir do final do mês até o dia 5, a procura é maior, principalmente pela cozida. Tem sempre os que deixam para última hora”, compartilha.