Placas de venda e aluguel se multiplicam em Belém
Publicado em 13/11/2024
A presença de lojas em determinada área indica a movimentação do comércio, o que atrai um fluxo de consumidores, estimulando a economia local. Na travessa Padre Eutíquio, uma das vias mais importantes da capital paraense, no bairro de Batista Campos, o cenário é um pouco desanimador. Onde antes funcionavam livrarias, restaurantes, lojas e demais estabelecimentos, hoje estão apenas inúmeros imóveis desativados ou à disposição para venda ou aluguel.
A situação foi verificada pelo DIÁRIO especificamente no perímetro da travessa Padre Eutíquio localizado entre a avenida Conselheiro Furtado e Rua dos 48. O trecho tem cerca de quinze imóveis de diversos tamanhos e diferentes estilos, como casarões, prédios e salas comerciais, que estão com as portas cerradas. Em alguns destes imóveis, é possível observar os contatos de telefone disponíveis para quem tem interesse em alugar o espaço ou também comprar. Há, ainda, imóveis em situação física precária e necessitando de reformas estruturais.
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De acordo com o avaliador e corretor de imóveis, Charlton Moreira, a situação presenciada pela reportagem pode ser resultado de fatores como o aumento dos preços dos aluguéis, estando os valores muito acima do que os empreendedores, empresários e pequenos comerciantes estão disponíveis a pagar. Outra situação que dificulta também quem busca alugar um imóvel é a questão da reforma deste, pois segundo o corretor de imóveis, na maioria das vezes o inquilino pega um imóvel e precisa reformar.
“Pode não haver consenso entre o proprietário e o inquilino. A pessoa tem que gastar na reforma e ainda pagar um preço exorbitante para alugar o local. Neste caso, tem que haver uma conscientização dos proprietários, porque os profissionais da área, os corretores, fazem a avaliação de acordo com o que o imóvel vale. Só que os proprietários na maioria das vezes pedem um valor muito mais alto do que realmente oferece o imóvel”.
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VALOR
O vendedor ambulante Pedro Barbosa, 28 anos, trabalha em uma venda de acessórios para celular na esquina da Travessa Padre Eutíquio com a Rua dos 48. Coincidentemente, o ponto de vendas dele fica em frente ao imóvel onde funcionava uma ótica, local que hoje abriga apenas um anúncio para aluguel do espaço. “Eu conhecia a pessoa que trabalhava antes nessa ótica. Ela me dizia que o valor do aluguel era muito alto e ia chegar o momento que não conseguiriam mais quitar a conta. E o que a gente vê é essa rotatividade com diferentes pontos fechando aqui, resultando na queda do movimento de clientes nessa parte”.
O vendedor Lúcio Ribeiro, 60, trabalha em uma loja voltada para a venda de colchões e que fica em frente a uma livraria fechada. Ele é testemunha da situação que ocorre na Padre Eutíquio e tem observado de perto o fechamento de estabelecimentos na via. “A alternativa é chamar a atenção do cliente com promoções e formas de pagamento mais atrativas. As pessoas ou preferem comprar pela internet ou ir ao shopping. Aí acaba diminuindo o movimento e fechando várias lojas como estão ocorrendo”.
Há mais de 30 anos trabalhando como taxista em frente ao shopping center localizado na Travessa Padre Eutíquio, o taxista Ivan Júnior, 57, acompanha na área a dinâmica imobiliária e a movimentação dos consumidores pelas lojas na via. Porém, o panorama observado por ele não é dos melhores. “Vi essa área se transformar antigamente. Hoje, já não é mais a mesma coisa. As lojas abertas chamam mais gente para a área e passa uma sensação maior de segurança com mais pessoas na rua. Agora com esse monte de prédio fechado, fica complicado para os lojistas e pra gente que trabalha transportando passageiros”.