Trabalhadores dos rios fazem parte das cenas de Belém

Publicado em 02/02/2025

Viver sobre as águas é a rotina de muita gente, como os barqueiros que trabalham com atividades ligadas diretamente ao uso de embarcações. Seja para transportar pessoas ou mercadorias, o dia a dia destes trabalhadores começa cedo, na madrugada, e dependendo do tipo de atividade pode ficar até pelo turno da noite. O DIÁRIO ouviu quatro trabalhadores, de diferentes atividades e lugares, mas que utilizam o barco diariamente, para saber um pouco da rotina de quem trabalha neste tipo de transporte aquático.

Morador da Ilha Grande, distante cerca de 10 minutos da capital paraense em viagem de barco, Everaldo Santos, mais conhecido como Neneco, 45 anos, trabalha com o transporte de mercadorias e pessoas, por exemplo, para a Ilha do Combu. No local onde fica a embarcação dele, no Porto da Palha, bairro da Condor, a rotina começa cedo, pelas 5 da manhã e se estende ao longo do dia até à noite.

É com o trabalho no barco que o Everaldo consegue obter parte da renda que necessita para manter as contas de casa em dia. Por exemplo, a embarcação pode ser usada para passeio, com aluguel custando de 500 a 600 reais a diária, dependendo da quantidade de pessoas e local de destino. “Desde jovem quando era adolescente já via minha família neste trabalho. Passou pra mim e hoje sigo esse legado”.

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No Porto do Açaí, no bairro do Jurunas, Augusto Belo, 42, vem todos os dias do município de Acará, nordeste paraense, para comercializar rasas de açaí na capital paraense, aqueles paneiros com cerca de 15 quilos de açaí, custando em média 200 reais, dependendo do horário. A rotina diária do Augusto é de duas horas de barco na ida até Belém e mais duas horas de volta até o Acará.

Há cinco anos dividido entre barco, rios e porto, é com a venda do açaí que Augusto consegue manter o sustento da família no Acará. No Porto do Açaí, ele chega pela parte da tarde e só vai embora quando toda a mercadoria de açaí é vendida. “Antes, eu era lavrador, mas depois mudei de área. Às vezes, fico até de noite aqui no porto para concluir as vendas de açaí, quando pego o barco e volto pra Acará”. 

Na Pedra do Peixe, espaço onde atracam inúmeras embarcações carregadas de diferentes itens no Ver-o-Peso, muitos barqueiros precisam percorrer grandes distâncias até chegar com a mercadoria em Belém, como é o caso do Dionísio Silva, 29, que pelo menos uma vez na semana sai do município de Chaves, no arquipélago de Marajó, com carregamento de açaí para vender em Belém.

“São cerca de 18 horas de viagem de barco, o que depende muito das condições do tempo e da maré, que podem aumentar a viagem para até 24 horas”, explica Dionísio sobre o percurso rotineiro de Chaves até Belém. Com o descarregamento de açaí, ele explica que na embarcação, na volta para Chaves, são levadas mercadorias como café, açúcar e bebidas. “O barco tem capacidade para 50 toneladas e trabalho nele há três anos, quando minha mãe comprou. É uma grande embarcação da nossa família onde faço este trabalho”.

Também do Marajó, mas do município de Cachoeira do Arari, Assunção Avelar, 49, é pescador e traz os peixes diretamente do município até a capital paraense no barco da família que atraca na Pedra do Peixe. A longa viagem, com aproximadamente 120 quilômetros de distância, pode durar cerca de quatro horas de barco. Pelo menos uma vez ao mês, o pescador vem com o filho Arinelson, 25, até a capital paraense.

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O trabalho do pescador é desenvolvido de forma artesanal e feito entre os familiares, passando de geração em geração a tradição da pescaria. Dependendo das condições do tempo e da época do ano, dá para fazer uma boa pescaria e conseguir obter a renda necessária para deixar em dia as obrigações em casa. “A gente traz diferentes pescados para venda aqui na Pedra do Peixe, como dourada e filhote. O que cair no anzol, a gente traz. Logo, o barco é que mantém nossa vida”, comentou.


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