Movimento de Emaús recebe o espetáculo “Circo e Carimbó”
Publicado Diário FMem 05/02/2025
Após duas semanas de apresentação em escolas da rede municipal de ensino da ilha de Mosqueiro, a trupe da Companhia de Circo Nós Tantos segue cumprindo agenda do Edital de Multilinguagens da Lei Aldir Blanco, da FUMBEL, desta vez com as crianças atendidas pelo Movimento República de Emaús.
É a terceira temporada do espetáculo “Circo e Carimbó”, que transforma em arenas de teatro e circo diversas escolas da rede municipal de ensino de Belém para contar as aventuras e desventuras de Zé e Chico, dois personagens ribeirinhos que, após terem suas vidas impactadas por modelos predatórios de integração econômica aplicados em suas comunidades no interior da Região Amazônica, apostam em uma virada, migrando pra capital e apostando todas as suas fichas no Carimbó.
O espetáculo é recheado de histórias, doces memórias e algumas necessárias reflexões sobre a vida ribeirinha e o enfrentamento das contradições da urbanização amazônica. O carimbó é tomado como um importante mediador e articulador da memória coletiva, sendo fio condutor, em cena, para o debate de diversos temas presentes nas letras dessa expressão da cultura popular paraense. E tudo isso vem misturado com a leveza, a sagacidade e alguma acidez do humor circense. Há tempo, inclusive, para que os heróis deem uma forcinha no icônico romance entre a Garça Namoradeira e o malandro Urubu.
BREVE RESUMO
Zé e Chico fugiram de municípios do interior do Pará para a capital por temerem por suas vidas. Zé era agricultor e foi expulso de suas terras por grileiros e pistoleiros. Chico, por sua vez, era pescador e vizinho de povos indígenas. Um dia descobriu que o mercúrio despejado por garimpeiros ilegais matou todos os peixes do rio.
Zé e Chico chegam para se aventurar esperançosos com as chances de bem viver da cidade grande. Chico carrega consigo o sonho de conhecer a maior feira livre a céu aberto da América Latina: o “Velhopreso”. Zé, com ares de superioridade, sempre se põe prestativo a corrigir o amigo abobado: É “Ver-o-peso”, Chico! E, com o pouco que a vida lhes possibilitou trazer, decidem ganhar a vida dedicando-se à outra coisa que sabem fazer, além de trabalhar na terra: narrar histórias sobre a vida dos povos ancestrais tocando e cantando carimbó.
Mal começam a tocar carimbó no meio da rua e, rapidamente, são atingidos pela realidade da cidade: as autoridades nem sempre veem as artes como benvindas. E Zé e Chico são proibidos de tocar carimbó, do mesma forma como aconteceu a muitos e muitos mestras e mestres – e ainda hoje acontece! Chico é preso e Zé lidera um movimento para obter sua liberdade até que chega a notícia que o carimbó não é mais proibido, pois se tornou Patrimônio Cultural Brasileiro!
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Mesmo após conquistarem a liberdade de tocar seus carimbós pelas ruas, Zé e Chico sempre lembram de como eram suas brincadeiras de infância e como seus avós e os bichinhos da floresta foram importantes em suas vidas. Dessa forma cantam “causos” através de carimbós como a dança do passarinho e o carimbó da piriquitamboia. Cantam também a triste e dura vida dos trabalhadores do campo como em “Pescador, pescador porque é/ que no mar não tem jacaré?” Mas também cantam alegria ao lembrar que as músicas do carimbó também nos ensinam a brincar e amar.
SERVIÇO:
O projeto foi aprovado pelo Edital Multinguagens da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB) 2024 da Fumbel e circula com entrada franca, e com convite aberto à comunidade do entorno das escolas. Veja o calendário de apresentações em fevereiro:
06/02 – Escola Nossa Sra. Guadalupe (Rod. do Tapanã, 1815 – Tapanã, Belém – PA, 66825-010), 10 h
06/02 – Movimento República de Emaús (Av. Padre Bruno Sechi 17 – Benguí, Belém – PA, 66630-420), 14h