Carnaval pede cuidados com alimentação e hidratação; entenda
Publicado Diário FMem 27/02/2025
Durante o Carnaval, os foliões precisam ficar alertas com a alimentação e a hidratação para evitar problemas com a saúde durante o período momesco. O nutricionista clínico Fernando Leite recomenda aos brincantes que pensem em um planejamento prévio dos locais onde vão estar para, assim, poderem escolher opções com as quais poderão se alimentar melhor, com refeições adequadas.
“É fundamental estar preparado para todas as situações que podem ocorrer para evitar que você caia naquela tentação de comer o que tem, geralmente alimentos gordurosos, ricos em sal ou açúcar”, explica. “Começar o café da manhã, o lanche e o almoço fazendo a separação de frutas fracionadas é uma opção”.
Neste ponto, o nutricionista afirma que as frutas merecem destaque nesta época por causa da praticidade e da grande quantidade de água que constitui algumas frutas, como melancia e melão, e que ajudam na hidratação do corpo. “São alimentos que auxiliam na recuperação após o excesso de bebida alcoólica, pois a melancia é rica em minerais”. Conforme o nutricionista, a hidratação é fundamental pois, além do calor, o consumo de bebida alcoólica aumenta.
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Leite explica que a bebida alcoólica gera uma ação sobre o hormônio antidiurético, resultando em perda de água. Consequentemente, você vai precisar de uma hidratação maior, pois a ressaca resulta justamente da desidratação.
“Seja brincando na rua ou dançando, isso gera um fator de desidratação muito mais alto. Então, quem faz uma atividade física já precisa de uma boa hidratação. Você que vai estar na rua sob sol, brincando ou dançando, também vai precisar se hidratar”, explica. “A melhor opção para a hidratação continua sendo o consumo de água”.
FRUTAS
Para o nutricionista, o erro mais comum dos foliões é não se programar para o cuidado com a saúde relacionado à alimentação. “As pessoas se programam a todo momento para as bebidas alcoólicas e para os blocos, mas elas esquecem que têm que voltar para casa depois”, explica.
As dicas são se alimentar antes de cair nos blocos e se consumir bebida alcoólica, também beber água para que o organismo não sofra tanto com a desidratação causado pelo calor e pelo excesso de álcool no corpo. “Não existe fórmula mágica para curar a ressaca. Então, a cura da ressaca é fazer o consumo, principalmente de melancia e melão, frutas com alta quantidade de minerais”, reforça.
Dica é beber pelo menos dois litros de água no dia do bloco
Durante a folia, muitos brincantes costumam se descuidar da saúde, abrindo alas para uma série de problemas. A maioria deles está relacionada ao alto consumo de bebidas alcoólicas, que pode causar desidratação e outros sintomas decorrentes da falta de água no organismo. Outro excesso comum no período é o consumo de alimentos calóricos.
“A gente tem que se atentar muito à alimentação e à hidratação no Carnaval, porque isso será decisivo para evitar impactos negativos no pós, no período da ressaca”, complementa a nutricionista Samara Queiroz. “O principal cuidado é com a hidratação. A pessoa precisa tomar muita água. O ideal é beber pelo menos dois litros de água ou mais no dia do bloco. Outra dica é consumir 100 ml de água a cada latinha de cerveja, por exemplo”, reforça.
Outro ponto importante, segundo a especialista, é não beber em jejum. O ideal é fazer uma boa alimentação antes e durante o bloco. “Isso evita que a pessoa fique alcoolizada com mais facilidade”, alerta Queiroz.
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Ela também recomenda o consumo de alimentos ricos em carboidratos complexos, como vitamina de frutas com aveia, além de arroz e feijão, que são fontes de energia. Já as proteínas, como frango, peixe e carne, contribuem para a saciedade e o equilíbrio nutricional.
“No pós-Carnaval, quem exagerou pode fazer um processo de detox com alimentos antieméticos, como suco verde à base de couve, maçã, limão ou gengibre. Esses ingredientes são anti-inflamatórios e ajudam a amenizar eventuais náuseas e outros sintomas. Evitar o excesso de açúcar e sal também facilita a recuperação do organismo”, finaliza.
SAÚDE MENTAL
Cresce cerca de 20% os pedidos de ajuda relacionados à saúde mental durante os períodos festivos. O dado da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) também inclui as festas de Carnaval, período marcado pela música alta, multidões e muitos estímulos. Esses momentos podem intensificar sentimentos depressivos e de isolamento, sendo um gatilho para quem já possui algum trauma ou transtorno psicológico. Nesse cenário, o acompanhamento profissional e o convívio familiar são essenciais para a superação do quadro.
De acordo com a psiquiatra Daniele Boulhosa, datas comemorativas como Dia dos Pais, Dia das Mães e Finados afetam a saúde mental dos pacientes por remeter a lembrança de algum familiar, agravando as sensações de depressão, melancolia e ansiedade. Outras comemorações, como Natal e Ano Novo, podem ser marcadas pela tristeza, melancolia, mas também pelo isolamento. Isso porque famílias desestruturadas ou desunidas não agregam em celebrações alegres, sendo mais comum situações de discussão e desentendimentos.
“Nessas situações, é um quadro mais ansioso e depressivo para quem tem esses traumas ou tem propensão a desenvolver esses quadros. Infelizmente, quando a gente desenvolve um transtorno, estamos mais suscetíveis a ter outros episódios. Quando a pessoa quer mudar isso, a gente recomenda um acompanhamento não só psiquiátrico, mas psicológico. A medicação entra quando temos que lidar com uma situação de doença, quando tem implicações mais graves no dia a dia. Mas a psicoterapia é essencial para administrar essa dificuldade e aproveitar o presente”, aconselha a especialista.
Em relação ao Carnaval, a realidade também requer cuidados. “Para quem tem dependência a alguma substância, como o álcool, o Carnaval é um perigo e extremamente danoso porque há a sensação que está liberado o consumo exagerado dessas substâncias por ser uma festa e uma prática comum nessa época do ano. No Carnaval, teria uma alegria exagerada, um alerta para quem tem descontrole de impulsos. Essas sensações podem desencadear crises, como é o caso de quem tem bipolaridade”, esclarece Daniele Boulhosa.
Ainda conforme a psiquiatra, a conexão com familiares e amigos é necessária para superar os quadros depressivos das datas comemorativas. Isso porque a compreensão e o convívio social podem ser meios de lidar com os sentimentos de solidão e tristeza, superando quadros de isolamento, que podem potencializar os sintomas de transtornos psicológicos.
“Uma boa ajuda é indicar quando, de fato, a pessoa está precisando do auxílio de um profissional de saúde mental. Infelizmente, vemos amigos e familiares desdenhando ou usando termos como ‘doido’ ou ‘louco’. É preciso saber incentivar e dosar o que a gente espera dessa pessoa. Às vezes, esse familiar não está bem, mas a gente quer que ele participe de momentos em família e isso acaba atrapalhando a melhora dele. Não deixe de convidar, mas entenda quando essa pessoa não for. É preciso acolher e dizer que está tudo bem conversar ou ficar mais na dele”, conclui a médica.