Pará tem mais de 100 mil mulheres empresárias
Publicado Diário FMem 08/03/2025
Não é de hoje que as mulheres vem conquistando cada vez mais espaço no cenário social, político e também empresarial. Elas estão se mostrando grandes empreendedoras e donas de seus negócios, o que representa um aumento significativo no setor econômico do Estado.
As mulheres representam quase um quarto dos empreendedores registrados no estado. Os dados são da Junta Comercial do Estado do Pará (Jucepa), que divulgou um balanço apontando que 106.735 das mais de 420 mil empresas ativas no estado têm mulheres como proprietárias ou sócio-proprietárias.
Os números mostram uma importante evolução dos direitos das mulheres, já que, há cerca de 80 anos, elas precisavam de uma autorização escrita e assinada pelos maridos para poder abrir uma empresa. Esse documento era protocolado na Jucepa para então permitir que uma mulher liderasse um negócio. Hoje, após décadas de luta e conquistas, elas não apenas ocupam cargos de liderança em suas próprias empresas, como também atuam em setores como tecnologia, comércio, educação e saúde, impactando diretamente a economia do estado e contribuindo para uma sociedade mais justa e equilibrada.
“Os dados refletem o crescente protagonismo das mulheres no cenário empresarial do Pará, onde não apenas a capacidade empreendedora das mulheres paraenses é vista, como também sua resiliência e contribuição fundamental para o desenvolvimento econômico e social. Na Jucepa, acreditamos que apoiar o empreendedorismo feminino é essencial para a construção de uma economia mais diversa, inovadora e inclusiva. Por isso, seguimos empenhados em facilitar o ambiente de negócios, garantindo que cada vez mais mulheres tenham oportunidades para abrir, regularizar e expandir seus empreendimentos. O sucesso delas é o sucesso do nosso estado”, afirmou Filipe Meireles, presidente da Jucepa.
De donas do lar a donas do negócio
Segundo dados da Jucepa, cerca de 40% (40.299) das mulheres empreendedoras atuam no comércio varejista. Outro ramo muito procurado é o da alimentação: são 7.450 estabelecimentos desse tipo comandados por mulheres no estado.
É o caso de Bruna Paes, que, desde a faculdade, sonhava em ter o próprio negócio. Sua jornada como empreendedora começou nessa época, quando vendia objetos de artesanato de sua criação.
Após concluir a faculdade de Nutrição, Bruna aliou o conhecimento acadêmico ao seu talento para negócios e criou uma empresa no ramo da alimentação. Com sua sócia, oferece cardápios especiais, coffee breaks, tábuas de frios, brindes corporativos e presentes personalizados. O negócio começou em outubro de 2024 e já está crescendo: perto de datas comemorativas, ela precisa contratar ajudantes para dar conta da alta demanda.
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“A ideia surgiu pela necessidade de um trabalho que me permitisse acompanhar o crescimento dos meus filhos, pois tenho a possibilidade de trabalhar 100% home office”, disse Bruna. “Acredito que o empreendedorismo feminino se dá principalmente pela necessidade de alcançar independência financeira, com atividades que fujam de estar presa a um metro quadrado, no estilo CLT. É ter a possibilidade de horários flexíveis, permitindo dar atenção a outras áreas pessoais. O crescimento feminino na área do empreendedorismo é notório. Com criatividade, determinação e fé, as mulheres cada vez mais conquistam seu espaço no mercado de trabalho”, destaca.
Empreendedoras por todo o estado
A maioria dos negócios comandados por mulheres está na capital – são mais de 26.500 empresas. Depois de Belém, Ananindeua é a cidade com maior quantidade de mulheres empresárias (8.110), seguida por Parauapebas (7.113), Santarém (6.116), Marabá (5.741) e Castanhal (4.411).
Juliana Sodré é empresária do ramo de vestuário em Castanhal e conta que a ideia de abrir seu negócio na cidade partiu de uma necessidade pessoal.
“Eu tinha uma filha de mais ou menos 1 ano, e, nessa idade, as crianças crescem muito rápido. Então, queria comprar roupas medianas, com boa qualidade, mas a um preço mais acessível, até porque ela perdia tudo muito rápido! Rodei a cidade toda, e as roupas que encontrava ou eram de ótima qualidade e muito caras, ou muito baratas e de qualidade bem ruim. Então percebi uma carência muito grande no mercado e aproveitei a oportunidade”, explica.
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O negócio de Juliana começou em 2020, sobreviveu ao desafio da pandemia de covid-19 e cresceu. Hoje, a empresária emprega oito pessoas, que a auxiliam com os desafios diários enfrentados pelas mulheres empreendedoras.
“Eu fico muito orgulhosa, feliz e realizada em ver que, cada vez mais, estamos crescendo. A nossa concorrência com os homens é ‘desleal’: nós, mulheres, temos que lidar com cólicas, mudanças hormonais frequentes, filhos, família, casa… Tudo isso exige muito da nossa mente e do nosso tempo. Agora, imagina tudo isso e, ainda, gerir um negócio ou uma empresa – não importa o tamanho. Também temos que nos dedicar, então a gente se desdobra. Até hoje, não entendo como damos conta, mas a gente dá”, comemora.