Voluntários realizam limpeza de rios na Ilha do Combu
Publicado Diário FMem 06/05/2025
Em um domingo (4) de céu aberto e marés de esperança, o que poderia ser apenas mais um passeio pelos furos e margens da Ilha do Combu, na região metropolitana de Belém, tornou-se palco de uma ação coletiva que já vem mudando realidades da comunidade há alguns anos.
Remadores, atentos aos detalhes das margens, realizaram mais uma edição Remada Caminhos do Acari, iniciativa que une esporte, consciência ambiental e mobilização social.
Desde 2020, a ação promovida pelo projeto Ozone Conexão Natureza, em parceria com o Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Idelflor-bio), a Bein Construções, patrocinadores como Recicle e Agência Eko, além de apoiadores como Alanshaster, Remo Guajará, Geamaz/UFPA e Amazônia Aventura, vem navegando contra a maré do descaso e transformando o cenário das águas amazônicas.
Mais do que uma simples limpeza, a Remada é uma experiência. Ela integra moradores, ativistas, atletas e estudiosos em um esforço coordenado de escuta ativa, educação ambiental e conexão profunda com os ecossistemas locais. É um chamado à responsabilidade coletiva, um convite a repensar nossa relação com os rios que nos sustentam.
CONTEÚDOS RELACIONADOS
- Prefeitura retira 125 mil toneladas de lixo do canal do Tucunduba
- Remada da Conscientização marca o aniversário de Belém
- Earth Day, Dia da Terra: como agir para um futuro mais sustentável
A edição passada, realizada no dia 12 de janeiro de 2025, marcou um passo importante na consolidação da proposta: foi feito um estudo gravimétrico detalhado dos resíduos recolhidos. Isso permitiu não só contabilizar os impactos, mas também entender o tipo de lixo que mais ameaça a região, e, assim, pensar estratégias reais para combater esse problema.
Ao todo, foram 319,3 kg de resíduos retirados das águas — uma mistura de plástico, vidro, isopor, papelão e materiais não recicláveis. Somente de vidro, foram 82,8 kg. Isopor veio logo atrás, com 63,2 kg. Os números não mentem: a poluição é diversa, complexa, e precisa de soluções pensadas a partir da realidade local.
Sylvia Gaioso, idealizadora da remada e representante da Ozone Conexão Natureza, explica que esse projeto, desde o início, junta pessoas que gostam de preservar a natureza, gostam da natureza e gostam de preservar a natureza.
“O projeto já expandiu e hoje nós já estamos desenvolvendo um pouquinho mais sobre parcerias institucionais, para que possamos construir algo mais sólido, realmente significativo para dentro da área dessa preservação ambiental e sustentável. Porque precisamos estar usufruindo do meio, mas, sempre fazendo a nossa parte”, disse a idealizadora do projeto.
Quer receber mais notícias de Belém e do mundo? Acesse o canal do DOL no Whatsapp!
Como a ação foi realizada?
Durante a ação, voluntários se dividiram entre furos e igarapés da Ilha do Combú, mapeando pontos críticos, recolhendo resíduos com cuidado e encaminhando tudo para a triagem em Belém. O transporte foi feito por lanchas de apoio e caminhões da Recicle, que também participa do processo de reaproveitamento e reciclagem junto a cooperativas locais, fortalecendo uma cadeia de economia circular.
E esse é um dos grandes trunfos do projeto, não se limitando apenas na limpeza das águas. A atuação vai do gesto simbólico ao impacto real: inclusão social, geração de renda, fortalecimento comunitário, e, claro, um profundo senso de pertencimento.
Uma das voluntárias foi Jéssica Lima, que relatou um pouco da sua experiência e participar dessa iniciativa. “É muito bom poder participar dessa iniciativa maravilhosa, de trazer esse voluntariado para que implantemos aos poucos essa consciência, essa cultura de coletarmos o lixo, de protegermos as nossas margens, a nossa natureza. Visitamos as comunidades e contribuímos para a limpeza desse meio ambiente, isso promove uma cultura, faz bem para nós e para a nossa cidade e rios. Então, foi maravilhoso, é uma experiência que só promove mais e mais conscientização”, disse a voluntária.
Com a COP30 se aproximando e Belém cada vez mais no foco das discussões climáticas globais, ações como a Remada Caminhos do Acari tornam-se símbolo do que é possível fazer quando a sociedade civil se organiza, age e acredita.