O que o sucesso do estilo Barbie tem a ver com a covid? Veja
Publicado em 03/08/2022
Loira, de olhos azuis e corpo violão, a boneca mais famosa do planeta, surgiu no fim dos anos 1950, nos Estados Unidos, como um ideal de mulher e feminilidade. De lá para cá, foi pintada por muitos como um símbolo cultural de sexismo e racismo. Ainda assim, nunca saiu de cena e, agora, inspira o nome de uma nova tendência fashionista, a chamada “Barbiecore”.
Só no Brasil, em junho, a busca pelos termos “Barbie girl” e “Barbie tattoo” na rede social de imagens Pinterest cresceu, respectivamente, 92% e 46%, em relação ao ano anterior.
E ainda que a Barbie seja um brinquedo voltado a crianças, são adultos e jovens da geração Z –os nascidos entre 1995 e 2010– que, nos últimos tempos, têm dado destaque à sua imagem.
Enquanto os atores Margot Robbie e Ryan Gosling viralizam nas redes, com imagens vazadas do filme “Barbie”, de Greta Gerwig –diretora de “Lady Bird” e “Adoráveis Mulheres”–, a cor vibrante do rosa-choque, que é marca da boneca, invade vitrines e passarelas pelo mundo.
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Isso porque depois de meses trancados em casa, vários sobreviventes da pandemia têm vivido dias de extravagância. Com a vacinação em massa, foi possível ostentar não só as alegrias do contato social, como também o apreço por estar vivo. E é nesse contexto que cores vibrantes passaram a ganhar mais espaço nos guarda-roupas.
Atrelado à chamada “dopamine dressing” –a tendência de cores intensas e tecidos chamativos que remetem a sensações como felicidade, prazer e êxtase–, o estilo “Barbiecore” fez do rosa-choque a grande cor do momento.
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Na Semana de Moda de Paris deste ano, a italiana Valentino exibiu uma série de roupas, acessórios e cenários rosa-choque, todos produzidos com um tom Pantone próprio, encomendado pelo diretor criativo da grife, Pierpaolo Piccioli.
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O neon reluzente da coleção da Valentino foi visto também em alguns tapetes vermelhos, nos corpos das artistas Zendaya, Lizzo, Anne Hathaway e Simone Ashley. Além delas, celebridades como Glenn Close, Kim Kardashian, Winnie Harlow, Hailey Bieber, Megan Fox e Olivia Rodrigo também surgiram com looks mergulhados no tom.
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Mas não é só o precoce sucesso do filme “Barbie” –que, aliás, nem chegou aos cinemas– e a explosão de rosa-choque motivada pela “dopamine dressing” que têm dado forma ao “Barbiecore”.
O clássico penteado da boneca, com os fios demasiadamente lisos presos por um semi-rabo de cavalo também tem feito sucesso, por exemplo. Maquiagens ultracoloridas, barriguinhas de fora e o retorno das minissaias também endossam o estilo, que bebe também do aceno fashion aos anos 2000.
Segundo a especialista em design Ethel Leon, que dá aulas sobre a história cultural das cores, o surgimento do “Barbiecore” chama a atenção porque, acima de tudo, chega num momento em que o ideal de mulher pregado pela marca da boneca, na década de 1950, se desmancha cada vez mais, não tendo grande aderência na era contemporânea.
De acordo com ela, atrelar o atual sucesso do rosa-choque à imagem da Barbie pode ser um problema, já que o brinquedo surgiu como um “símbolo feminino glamoroso”, em meio ao contexto do fim da Segunda Guerra Mundial –período no qual o rosa veio a ser culturalmente associado à ideia de feminilidade.
“Empresas de eletrodomésticos passaram a usar um marketing que estabelecia o azul como cor masculina e o rosa como feminina”, afirma Leon. “Antes disso, não havia essa distinção [de gêneros]. E o rosa da Barbie é um tom extremo, ou seja, seria uma feminilidade extrema.”
Vista por alguns como uma “bimbo” –termo para se referir a mulheres sexualmente atraentes desprovidas de inteligência e sagacidade–, a boneca costuma ser associada a futilidades e fragilidades, algo herdado por outras personagens patricinhas famosas, como a Sharpay, de “High School Musical”, como lembrado pela estilista e consultora de imagem Janaina Souza.
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Segundo Souza, o fato de a tendência “Barbiecore” estar sendo emplacada também por homens –como os músicos Lil Nas X, Machine Gun Kelly e Jack Harlow– mostra um lado importante do fenômeno que, na visão dela, vai além das vibrações do rosa-choque e se relaciona com discussões atuais do feminismo.
“Não estamos falando de qualquer tom de rosa. É rosa-choque. É algo forte, muito intenso. Mostra poder. Devemos parar de encarar como algo fútil”, diz ela. “Hoje em dia tem muita gente a disposta a mudar a imagem da Barbie. Há quem queira ver a Barbie da vida real. É um processo longo, mas está acontecendo, e vejo o ‘Barbiecore’ como parte disso.”