Artistas da Amazônia se unem e promovem festival em Santarém
Publicado em 02/09/2023
Com um line-up que inclui Dona Onete, Suraras do Tapajós, Priscila Castro, Cleide do Arapemã, Espanta Cão, Botos Cor de Rosa e Tucuxi, DJ Zek Picoteiro, Lane Lima e Marciele Albuquerque, a segunda edição do Festival Amazônia de Pé vai celebrar os povos e comunidades tradicionais, além de mobilizar contra o Marco Temporal neste sábado (2), com evento no Território Borari, Aldeia Alter do Chão, em Santarém. A entrada é gratuita e os shows serão transmitidos pelo YouTube, no canal do festival.
A curadoria artística do evento é do DJ e produtor cultural Zek Picoteiro, do Instituto Regatão da Amazônia, e foi pensada num conceito de interconexão que existe entre os rios da Amazônia, sobretudo os rios da região onde o evento acontece, levando em consideração as manifestações culturais que existem nas beiras dos rios Tapajós, Amazonas e Arapiuns.
Veja também:
Festival Ouricuri lança 5ª edição na Semana do Dia Amazônia
Belém: Espetáculo de drones e shows são atrações em evento
“Desenhamos uma programação musical com performances artísticas, cênicas e teatrais, que conectasse essa parte da Amazônia. A sonoridade ribeirinha do carimbó, brega, os artistas indígenas, mulheres, caboclas, tem uma artista que é de um quilombo, que é a Cleide, tem a dona Onete que é uma grande representante dessa identidade da beira de rio na Amazônia, é uma grande porta-voz da cultura ribeirinha”, disse Zek.
O evento inicia às 17h, com ritual do Çairé, manifestação religiosa e cultural do povo Borari, etnia indígena de Alter do Chão, e que completa em setembro 50 anos de realização. A programação segue com Espanta Cão, Suraras do Tapajós e, às 20h, tem a apresentação da cantora Priscila Castro, que convida Cleide do Arapemã.
“É a segunda vez que participo do Festival, mas na primeira cantei apenas duas músicas. Nesta edição, vou apresentar o meu trabalho completo, em um show preparado exclusivamente para esta noite. Será uma apresentação com repertório autoral e dançante, com canções que marcam as bandeiras que minha arte defende, como demarcação de terra indígena e titulação das terras dos povos quilombolas”, falou Priscila Castro.
Às 21h, Boto Cor de Rosa, Boto Tucuxi, Guardiã Tribal Lane Lima (Tribo Munduruku) e Cunhã Poranga Marciele Albuquerque (Boi Caprichoso de Parintins) fazem uma performance inédita. “É um espetáculo que vai juntar os festivais dos bois de Parintins, das tribos de Juruti e o dos botos de Alter do Chão. É a primeira vez, inclusive, que vai ter essa performance juntando esses artistas que representam esses festivais, em prol da Amazônia, em prol de manter não só as tradições, mas trazer para o nosso tempo, para a atualidade aquilo que tem de mais bonito e que a gente sente mais orgulho que é a nossa própria cultura ribeirinha”, disse Zek.
A rainha do carimbó chamegado, Dona Onete se apresenta às 22h e, às 23h30, Zek Picoteiro toca seu setlist. “Estou muito feliz também de estar participando do Festival Amazônia de Pé porque compreendo o meu trabalho como DJ como uma função social muito fundamental no dia a dia das pessoas, quando escolho uma festa para tocar, um setlist, estou fortalecendo alguma cultura também. Há muito tempo percebi o quanto que o meu trabalho pode ser muito utilizado e focado em fortalecer as culturas dos povos da floresta, dos povos da Amazônia. A minha pesquisa musical é focada naquilo que é produzido aqui, desde a cultura periférica, ribeirinha, e dos povos originários”, contou ele, que adiantou que vai ter lançamento inédito durante a sua participação no evento.
“Nesse festival especialmente será a primeira vez que vou tocar sozinho um remix que produzi chamado ‘Brasil do Cocar’, com a Célia Xakroabá, uma deputada federal indígena, da bancada do Cocar, e a Txai Suruí, que é uma ativista indígena também. Remixei as vozes delas com os discursos contra o marco temporal e em prol da demarcação do território indígena. Então, é um lançamento que vou levar para o festival”, adiantou ele.