Café de açaí: pesquisas validam segurança e viabilidade

Publicado em 25/02/2024

Nesta segunda-feira (26), os pesquisadores da UEPA e UFPA, professores/pesquisadores Diego Aires e Nilton Akio apresentarão à Adepará os resultados das pesquisas que comprovam a inocuidade do café de açaí como bebida, produto derivado da utilização do caroço do açaí.

Em julho de 2023, a Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) sediou uma reunião para discutir o andamento das pesquisas para a regulamentação do café de açaí no Estado. O encontro, que reuniu representantes da Câmara Técnica de Comercialização, Agroecologia, Produtos Orgânicos e Sociobiodiversidade; da Associação Brasileira das Indústrias de Café de Açaí (Abica); pesquisadores das Universidades Federal do Pará (UFPA), do Estado do Pará (Uepa) e Federal Rural da Amazônia (Ufra); além de empreendedores do segmento; ocorreu no gabinete do deputado Eraldo Pimenta (MDB), articulador e mediador desse trabalho pela legalização e promoção desse mercado.

A intenção foi discutir um regulamento técnico de criação de um padrão de identidade e qualidade para o produto, especificamente o grão de açaí torrado e moído, para a comercialização no Estado do Pará, no Brasil e no mercado internacional. A reunião contou, ainda, com a participação de um agente do Banpará para conhecer a nova atividade empresarial que utiliza resíduos – o caroço do açaí – como principal matéria prima para fabricar um novo produto. De acordo com o chefe de gabinete do deputado, Manoel Messias, a iniciativa atende de forma extraordinária à uma demanda socioambiental.

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“O deputado Eraldo foi o único que comprou essa causa, a pedido do presidente da Abica, e ele viu, em um futuro próximo, a possibilidade de resolver um dos problemas ambientais que enfrentamos com essa sobra de caroço de açaí, descartado de forma irresponsável na natureza. Então, é um resíduo transformado em um produto útil e gerador de renda e empregos, além de tirar da natureza uma quantidade enorme de produtos que só contribuem com a poluição”, analisou Messias.

 A Universidade do Estado do Pará ficou com a responsabilidade da pesquisa físico-química; enquanto a Universidade Federal do Pará ficou encarregada dos estudos de toxicologia; e a Ufra, dos estudos da microbiologia do subproduto do açaí.

Nilton Akio Muto, professor de biotecnologia da UFPA e pesquisador do Centro de Valorização de Compostos e Bioativos da Amazônia, reforça que o caroço do açaí é um subproduto da cadeia do açaí, representando 85% da composição do fruto – os outros 15% são polpa de fruto.

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“Esse subproduto pode ser utilizado como matéria-prima para pesquisa de novos produtos, um deles é o café de açaí, mas, para dar validade e segurança ao consumo, é preciso fazer estudos para garantir que o produto seja isento de danos ou toxicidades e, posteriormente, levantar informações sobre os benefícios que esse produto pode trazer”, pontuou Nilton.

Já Diego Aires, professor e coordenador do curso de Tecnologia de Alimentos da Uepa, lembra que o trabalho do grupo de pesquisadores é voltado para conferir apoio técnico a esses produtores e também aos órgãos estaduais competentes.

“Os produtores começaram a entender e processar esse resíduo, e foi aí que os órgãos competentes começaram a nos procurar, como Sebrae, para pedir apoio, e nós tínhamos pesquisas voltadas para essa área. Nosso trabalho é voltado para falar sobre a viabilidade desse mercado do ponto de vista toxicológico, técnico e de saudabilidade, grau de risco, para que esse processo possa fluir. Estamos em um processo de levantamento de dados de processamento e toxicologia, e microbiologia para fornecer aos órgãos competentes essas informações. Por exemplo, como ele pode ser melhor armazenado, como deve ser o processamento desse produto”, explica Diego.

O presidente da Abica, Orlando Nascimento da Silva, é contador de profissão, e se tornou produtor de café de açaí em Pacajá (PA) após experimentar beber essa versão de café para reduzir os índices de glicose, para controle da diabetes. O produto, segundo ele, é produzido há 30 anos. “Há um ano e meio, o Governo do Pará resolveu, através da Vigilância Sanitária fechar as fábricas e retirar esse produto do mercado. Então, essas empresas sentiram muito, eram 50 toneladas por mês com exportação, ou seja, comercialização não só fora do Pará, a nível nacional, como internacional. Foi um choque. Milhares de pessoas ficaram desempregadas. Então o objetivo hoje da reunião é tentar avançar na legalização desse produto, saber em que ponto das pesquisas nós estamos para seguir em frente”, explicou Orlando.

Adilson Cavalcante é empresário e atua com a produção de café de açaí, e ressalta que o grupo de mais de 50 produtores tem capacidade de produção. “A gente tem a produção, tem capacidade de produção. Porém ficamos parados em função dessa portaria que foi lançada pelo governo do estado. E hoje a gente produz só pra consumo interno, para familiares, como experiência. Então estamos buscando a liberação para poder voltar a produzir”, finalizou.


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