“Canetas” ajudam a emagrecer, mas é preciso ter controle

Publicado em 09/06/2024

Até 2025 a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que, 2,3 bilhões de adultos no mundo devem estar acima do peso, sendo 700 milhões com obesidade. Já o Atlas Mundial da Obesidade 2023, publicado pela Federação Mundial de Obesidade (World Obesity Federation) calcula que a obesidade deve atingir 41% da população adulta do Brasil até 2035.

A busca pela perda de peso sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos, como a cirurgia bariátrica, vem ganhando protagonistas de peso nos últimos anos: os hormônios intestinais na forma de canetas injetáveis são uma realidade e ajudam no processo do emagrecimento.

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Entre os dispositivos já disponibilizados no mercado estão o Ozempic, Victoza e Mounjaro, utilizados por pacientes com diabetes tipo 2 para controle da glicose, mas que também passaram a ser usados com o objetivo de perder peso.

De maneira simples, as canetas são dispositivos que possuem uma classe de medicamentos chamadas de incretinas intestinais ou hormônios da saciedade, como a liraglutida ou semaglutida. Um de seus principais efeitos é suprimir o apetite, com redução da motilidade digestiva.

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“Com menos apetite, você come menos e, consequentemente, perde peso. Porém os efeitos colaterais devido à redução da motilidade digestivas como náuseas e vômitos pode ser bem pronunciados em alguns pacientes”, destaca o médico gastroenterologista Tárik Nunes Valente, cirurgião bariátrico especialista em nutrição clínica e cirurgias do aparelho digestivo.

Os medicamentos disponíveis no mercado são diversos, variando segundo a sua base de liraglutida ou semaglutida. São injeções, com doses variáveis e de administração diária ou semanal. Esse tipo de caneta foi desenvolvida, inicialmente, para atender uma demanda de pessoas com diabetes tipo 2 já dependentes de insulina e obesidade para pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 30.

Valente diz que as canetas apresentam excelentes resultados no controle da glicemia sendo usadas como uma alternativa no controle do diabetes e sua configuração como uma caneta traz a facilidade do transporte junto ao paciente. “Ocorre que diversos estudos e testes foram feitos com esses dispositivos e mostraram que eles promovem diversos benefícios na redução de peso em pacientes obesos ou com sobrepeso. Desde então, passou a ser usada com essa finalidade”, diz.

PRESCRIÇÃO

O cirurgião faz uma ressalta importante: apenas médicos podem prescrever as canetas, já que os remédios a serem usados no tratamento precisam de prescrição médica, possuem contraindicações (portadores de problemas digestivos graves) e efeitos colaterais (náuseas, vômitos, estase biliar, pedra na vesícula e pancreatite), como qualquer outro medicamento utilizado no tratamento de doenças.

A perda de peso com o uso do medicamento dependerá da dieta, associada a exercícios físicos regulares. “O remédio por si só não faz milagre. Não há receita mágica para emagrecer. Além disso, seu custo é elevado e manutenção do tratamento pode chegar a mais de 1.000,00 reais por mês”, avisa

Tárik ressalta que muitos pacientes procuram seu consultório com a indicação de fazer a cirurgia bariátrica, mas querendo usar a caneta antes do procedimento para ver se dá certo. Ele diz que as “canetas emagrecedoras” não substituem a cirurgia bariátrica que é uma técnica cirúrgica feita para o resto da vida, para pacientes que não conseguem perder peso e tem comorbidades relacionadas, como pressão alta e asteatose (gordura no fígado).

O Ozempic, segundo o médico, funciona, e muito bem, mas para os pacientes para os quais ele foi desenvolvido. A grande diferença entre o Ozempic e a bariátrica, diz, “é que a cirurgia é uma técnica para a vida toda, com resultados seguros e melhora na qualidade de vida em diversos aspectos”.

O cirurgião alerta que não adiantará comprar 1 caneta, emagrecer e engordar tudo novamente. “Nenhum método gera efeitos satisfatórios sem o engajamento dos pacientes em mudar estilo de vida com exercícios e boa alimentação. Não existe método mágico. Antes de utilizar as canetas ou fazer a cirurgia bariátrica, é fundamental que o paciente reconheça e encare de frente seu problema de saúde, com adesão ao tratamento e disciplina na sua condução”, esclarece.

Outras pesquisas

Farmacêuticas já entabulam pesquisas avançadas na busca por drogas mais eficazes que combatam a obesidade, ainda mais eficientes as primeiras formulações existentes hoje. A amicreatina é uma das substâncias com resultados mais recentes anunciados. Assim como a semaglutida (Ozempic e Wegovy), a liraglutida (Victoria e Saxenda) e a tirzepatida (Mounjaro), já aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a amicretina simula a ação de hormônios presentes no corpo humano. Ela atua regulando o apetite, trazendo maior efeito de saciedade.

Diferente do Ozempic, Saxenda e Wegovy, aplicados sob a forma subcutânea com canetas injetáveis, a amicretina está sendo testada na forma oral. Os estudos mostram que a amicreatina, tomada em comprimidos diários, provoca a perda de 13% do peso em até 12 semanas.


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