Comércio está otimista com as vendas da Black Friday

Publicado em 17/11/2024

O comércio de Belém projeta um crescimento moderado das vendas no “Black Friday” deste ano, alinhando-se a uma tendência positiva observada na região Norte, onde o varejo cresceu 1,2% em novembro do ano passado. Os setores que costumam se destacar durante essa data incluem móveis, eletrodomésticos, celulares, cosméticos, eletrônicos e vestuário com variações de crescimento que podem alcançar até 6,1% em algumas áreas.

Evento de consumo da cultura americana que virou tradição também no Brasil, a “Black Friday” ocorre na última sexta-feira do mês de novembro, mas vem sendo cada vez mais antecipada pelo comércio local e eletrônico. Esse período de promoção tem relação direta com o Natal, já que inaugura a temporada de compras natalinas.

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De acordo com a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), o número de interessados em comprar na Black Friday 2024 deve crescer. Em 2023, 87% dos brasileiros só demonstraram interesse a partir de outubro. O evento, que acontece, oficialmente, no dia 29 de novembro, já conta com uma boa perspectiva, pela qual 39% dos consumidores demonstraram que pretendem comprar na data.

A Black Friday é um evento estratégico para o varejo, que exige meses de preparação. As empresas se organizam com antecedência para garantir que estejam prontas para atender à alta demanda dos consumidores. Para os lojistas de e-commerce, a Black Friday representa uma grande oportunidade de impulsionar os negócios e alcançar novos clientes.

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A Black Friday deve impulsionar o comércio físico, mas o comércio eletrônico vem crescendo, com muitos canais de vendas procurados pelos consumidores, como sites das lojas, marketplaces, aplicativos das marcas preferidas, Instagram e também WhatsApp.

Eduardo Yamamoto, presidente do Sindicato do Comércio Varejista e dos Lojistas de Belém (Sindilojas), diz que a expectativa para as vendas na Black Friday em Belém é bastante positiva. “A cada ano, os consumidores estão mais familiarizados com a data e aproveitam as promoções para antecipar compras de Natal ou adquirir produtos desejados com desconto”.

Apesar da cautela, ele espera que, em 2024, o comércio local registre um aumento no volume de vendas, impulsionado pelo maior engajamento das lojas físicas e online. “Além disso, o comportamento do consumidor tem se mostrado mais estratégico, buscando não apenas preços mais baixos, mas também boas condições de pagamento e atendimento de qualidade”.

Yamamoto ressalta que a diferença entre este ano e o ano passado para a Black Friday em Belém está relacionada a uma expectativa de crescimento nas vendas, a partir de uma maior preparação dos comerciantes e pelo comportamento do consumidor, que se torna cada vez mais estratégico ao buscar ofertas. “Para 2024, espera-se que o faturamento do comércio eletrônico no Brasil cresça aproximadamente 10% em comparação ao ano anterior, o que pode refletir na movimentação local também”, calcula.

Para alavancar as vendas, os comerciantes precisam adotar várias estratégias eficazes como conhecimento do público-alvo, promoções atrativas, experiência de compra otimizada, frete grátis, entre outros. O presidente do Sindilojas pontua a necessidade de “uma equipe bem treinada para maximizar os resultados, principalmente em datas de fim de ano”.

Pensando nisso o Sindilojas fez um treinamento especial de fim de ano para lojistas e seus colaboradores, para que eles possam estar ainda mais preparados para os desafios e objeções, com isso, consigam bater metas e fidelizar o cliente para as próximas compras. “O treinamento ocorreu na primeira quinzena de novembro. Foi um evento singular realizado também em parceria com Senac-PA nosso parceiro em capacitação no sistema comércio”, antecipa.

Consumidores querem produtos específicos

Lúcia Cristina de Andrade Lisboa, assessora econômica da Federação do Comércio do Estado do Pará (Fecomércio-PA) avalia que a expectativa para o aumento das vendas por ocasião do Black Friday é positiva, mas com os “pés no chão”.

“No caso de Belém, no mês que antecede ao período do Black Friday, geralmente os consumidores já fazem gastos extras no mês de outubro, por ocasião das festividades de Círio. É tradição que envolve gastos em vários setores de atividade do comércio varejista. E também consta no calendário de outubro o Dia das Crianças, que aquece o comércio em outubro”, detalha.

Assim, com os gastos extras de outubro e a proximidades do natal e festividades do final do ano, no mês de novembro, as expectativas se tornam mais moderadas. “Entretanto, anualmente, por ocasião das campanhas direcionadas para aproveitar o marketing que a época do Black Friday, constatamos que parte dos consumidores antecipam as compras de Natal, mas a grande maioria dos consumidores tendem a conter mais os gastos de produtos mais gerais”, analisa.

A economista não consegue precisar percentuais de aumento nas vendas este ano em relação a 2023, mas diz que estudos baseados em séries históricas de estatísticas anteriores, estimam que cerca de 60% dos consumidores tenham intenção em procurar produtos com boas ofertas para decisão de comprar algo por ocasião do Black Friday.

As sondagens demonstram que a demanda por produtos depende muito do perfil de cada consumidor. “Há consumidores que esperam à época da Black Friday para trocar produtos por novas edições ou versões ou comprar o que desejam há um tempo ou simplesmente aproveitar as promoções ou simplesmente antecipar as compras do Natal”, diz

A economista diz ainda que a Black Friday impulsiona o comércio, todavia, a maior parte dos gastos são direcionados para produtos mais específicos que geralmente entram em promoções por ocasião do Black Friday, como eletroeletrônicos e eletro portáteis, como televisores, celulares, computadores, alguns móveis e equipamentos domésticos, quando em promoção. Muitas lojas de vestuário e calçados, artigos de beleza e maquiagem também oferecem artigos com descontos significativos na época do Black Friday.

“As empresas de viagens e turismo sempre lançam descontos e promoções importantes. Inclusive, em anos anteriores, constatou-se- que nos supermercados também acontece de alguns produtos alimentícios serem praticados com ofertas, com o com slogan Black Friday”.

A assessora da federação recomenda que os consumidores consultem sempre canais oficiais de divulgação para não perderem as oportunidades. “Os empresários estão em planejamento do que será lançado especificamente para o Black Friday, mas a grande maioria só estará divulgando e apresentando as promoções em novembro”.

Consumidores têm direitos na hora da compra

O advogado Alexandre Bonna, especialista em Direito do Consumidor, lista algumas precauções que o consumidor precisa adotar ao realizar compras de produtos ou serviços durante a Black Friday. “Primeiro, deve registrar todas as especificações técnicas, de qualidade e quantidade do produto, pois, se no momento que a encomenda chegar na casa do consumidor, o bem não for condizente com a oferta e em 30 dias o fornecedor não sanar o vício, surgirá o direito de receber o dinheiro de volta”.

Nestes casos, diz, é fundamental que o consumidor registre a reclamação perante a empresa, para que inicie a contagem dos 30 dias. “Isso pode ser feito por qualquer meio de comunicação disponibilizado pelo fornecedor (whatsapp, e-mail, central de atendimento ao consumidor). E, não havendo contato disponível, é possível deixar reclamação escrita na sede da empresa ou enviar por correios com Aviso de Recebimento”.

Caso o produto tenha alguma garantia dada voluntariamente pelo fornecedor, o consumidor deve exigir o termo de garantia escrito. A não entrega deste documento de forma escrita, segundo o advogado, configura crime previsto no Código de Defesa do Consumidor. “Esse alerta serve porque muitas empresas anunciam garantias apenas como iscas para atrair consumidores”.

Outra dica: o consumidor deve ficar atento, quando da aquisição de serviços durante a Black Friday, tais como internet, TV a cabo, cursos, academias, telefonia etc., com a chamada cláusula de fidelização, que obriga o consumidor a ficar preso no contrato por um período mínimo de tempo, só podendo rescindir com pagamento de multas. “O judiciário vem considerando válida esse tipo de cláusula se vier em destaque no contrato. Nessas circunstâncias dificilmente o consumidor conseguirá obter nulidade em eventual discussão judicial”.

Por fim, antes de adquirir qualquer produto ou serviço de valor mais elevado, Bonna aconselha verificar a idoneidade da empresa fornecedora, consultando suas reclamações junto ao site https://www.reclameaqui.com.br e até mesmo em sites de tribunais, já que muitas empresas investem bastante em marketing e pecam demasiadamente na qualidade do produto ou do serviço.


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