Dia de São Jorge é marcado por fé e sincretismo religioso

Publicado em 23/04/2025

São Jorge é conhecido como um guerreiro em um cavalo branco. É o Santo Mártir, padroeiro dos soldados, cavaleiros e escoteiros. A Igreja Católica, a umbanda e o candomblé celebram o Dia de São Jorge nesta quarta-feira (23), com variadas programações.

De acordo com o historiador e cientista da religião Márcio Neco, São Jorge tem a característica de um santo de devoção popular com fama de guerreiro e protetor. Ainda conforme Neco, existem poucas fontes históricas sobre como São Jorge viveu e morreu, existindo lacunas sobre o cotidiano que o santo possuía.

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“Mas temos a existência de um documento chamado ‘Passio Georgii’ (A Paixão de Jorge), reconhecido pela Igreja Católica no ano de 496”, destaca Márcio Neco, sobre um documento que conta a história da vida, martírio e milagres de São Jorge, sendo o material considerado uma obra hagiográfica (biografia de santos).

Conforme ressalta o historiador, São Jorge está no imaginário popular. No Brasil, a umbanda sincretiza elementos de religiões como o catolicismo, marcando o contexto do Brasil colônia quando negros escravizados trazidos à força da África tentaram preservar seus cultos e fé originais.

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“A devoção aos santos foi trazida ao Brasil pelos portugueses. No sincretismo, os cruzamentos na fé brasileira fez em muitos locais São Jorge ser conhecido como o orixá Ogum”. Neco explica que em Portugal o santo era o padroeiro dos ferreiros, cuteleiros e barbeiros, e no Brasil Ogum era conhecido como o orixá da espada. “Isso fez com que São Jorge seja associado a Ogum”, comenta.

A relação entre o orixá e o santo católico está em elementos como a batalha, a espada e a coragem. “Até hoje é muito forte aqui no Brasil o sincretismo de São Jorge, o que o fez ficar no imaginário popular. Com isso, as heranças passadas fizeram nossos pais contarem até mesmo que São Jorge vive na lua”. Ainda de acordo com o historiador, o aprendizado tirado das lendas sobre a vida de São Jorge reflete na analogia do combate com o dragão, que seria hoje a maldade, a violência e ainda a intolerância religiosa.

A vice-presidente da Federação Espírita e Umbandista dos Cultos Afro-Brasileiros do Estado do Pará (Feucabep), mãe Tânia Regina Dussouchet, explica que o dia de São Jorge é uma das datas mais simbólicas dentro da religião dos cultos de raiz e matriz africana. “São Jorge para nós representa Ogum. É o senhor do ferro, do metal. É o orixá das guerras que vence as batalhas e que nos abre os caminhos”, frisa.

Mãe Tânia ressalta que Ogum sincretizado em São Jorge é muito cultuado, poderoso e respeitado, sendo um dos orixás de maior força e olhar para o mundo, em todas as nações, desde a umbanda ao candomblé. A festa dedicada a Ogum nesta quarta-feira requer um planejamento anual, sendo servida a feijoada na celebração “por ser um dos alimentos que são feitos dentro do ritual da Mina Jeje Nagô e nas demais tradições das religiões afro-brasileiras”.

Ainda segundo a vice-presidente da Feucabep, também são realizadas as procissões e ladainhas, assim como na Igreja Católica. “Nós temos o privilégio de fazer essa cultura e tê-la em nossas casas, bairros, centros e comunidade em geral. Eu acho que houve uma grande evolução espiritual, mas ainda há muita resistência e discriminação (contra religiões de matriz afro) no nosso Brasil. Porém, é importante saber que nós estamos sempre resistentes, mostrando que Deus é o nosso superior, e Ogum é o nosso guerreiro vencedor de batalhas”.

Programação

Na Arquidiocese de Belém, a paróquia dedicada a São Jorge fica localizada na avenida Dalva, 445, no bairro da Marambaia. Desde domingo (20), a paróquia realiza a festividade com o tema “Com São Jorge, ‘Peregrinos de Esperança’, pela vida e paz no mundo”, inspirado no tema do Jubileu do Ano Santo de 2025. Todas as paróquias nesta quarta-feira serão lugar de Peregrinação e Indulgência, além da Catedral e os oito santuários que são determinados para acolher os peregrinos ao longo do ano.

Na Paróquia de São Jorge, a data é marcada com missas realizadas nos seguintes horários: padre Francisco de Barros Barbosa e diretor geral da congregação Joseleitos de Cristo, às 7h; Arcebispo de Belém Dom Alberto Taveira Corrêa, às 10h; padre Severino Isaías de Lima e Vigário Paroquial da Paróquia São Jorge, às 12h; padre Francisco Valter Lopes e pároco da Paróquia Santa Rosa de Lima, às 15h; padre Raimundo Ribeiro Martins e pároco da Paróquia São Jorge, às 17h; em seguida, às 18h ocorre procissão.

Na chegada da procissão terá a bênção da sacada da igreja, em seguida ocorre a programação cultural. A festividade continua até o dia 27 de abril, com missa às 19h e programação cultural.

Os fiéis vão poder participar ainda de novenas em procissão, feira de artesanato e gastronômica e shows culturais. Para o pároco da Paróquia São Jorge, padre Raimundo Ribeiro Martins, o momento da festividade é uma maneira para fazer os fiéis pensarem e sentirem a fé em dimensões mais amplas a partir do amor de Deus. “É fortalecer laços com momentos de reflexão e oração. Durante a festividade, as pessoas se aproximam mais”.

Ainda segundo o religioso, São Jorge é um santo do povo, cheio de determinação e coragem, sendo exemplo de fé invencível para a comunidade católica. “A nossa festividade objetiva aprofundar o amor a Deus. É uma época de promover o perdão e o diálogo entre as pessoas”. A programação da festividade é aberta ao público. Outras informações no instagram @saojorge igreja.


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