Dionne Warwick diz que vai se mudar para o Brasil

Publicado em 23/05/2023

Dionne Warwick, aos 82 anos, coleciona números
impressionantes. Já vendeu mais de cem milhões de discos, venceu seis prêmios
Grammy, liderou duas vezes a parada Billboard Hot 100 –o ranking dos maiores
hits das rádios americanas– e lançou 40 álbuns.

Após passagem por Curitiba, Rio de Janeiro e
Brasília, a lenda do pop desembarca em São Paulo mais uma vez para um show no
domingo (28), no Espaço Unimed. O show faz parte da turnê “One Last
Time”, ou uma última vez. Mas calma lá, a turnê não é sua última.
“Não devia ter dado este nome”, diz em tom de brincadeira. “Vou
só me acalmar e fazer menos shows.”

A cantora tem um longo histórico com o Brasil. Já
cantou ao vivo com Gal Costa e Emílio Santiago; em 1994, lançou o disco
“Aquarela do Brasil”, que teve participação de Chico Buarque; morou
no país por seis anos, no Rio de Janeiro e em Salvador, e planeja se mudar para
a Bahia quando se aposentar.

Warwick diz que está refletido muito sobre o
passado –e tem opiniões fortes sobre a indústria da música. A cantora afirma,
por exemplo, detestar as batidas contundentes do pop contemporâneo e acredita
que tem faltado suavidade. “Quem quer ouvir uma canção barulhenta com
palavrões? Eu não.”

Warwick também diz não gostar de consumir música
pelo celular, com fones de ouvido. “O que as pessoas escutam agora vem de
um computador, e um computador não tem sentimentos, não tem emoção. Precisamos
voltar ao básico e ouvir um violino de verdade. A emoção vem da pessoa que toca
o violino. Escuto o rádio, escuto CDs. É uma pena que muitas estações de rádio
não existam mais.”

A cantora, por outro lado, diz aprovar os avanços
sociais da indústria, principalmente aqueles que estão tentando pôr um fim aos
abusos contra mulheres. “Já fui abusada verbalmente. Hoje as mulheres
estão refutando todas as coisas malucas ditas a respeito delas. É importante
escutá-las.”

Com o documentário “Dionne Warwick: Don’t Make
Me Over”, ainda sem previsão de estreia no Brasil, ela própria passa a limpo
sua história, da infância cantando em igrejas até se tornar uma artista negra
que, em plena turbulência do movimento dos direitos civis, mesclava R&B e
pop de maneira indivisível.

O longa-metragem traz imagens do arquivo pessoal da
cantora e depoimentos de artistas do calibre de Elton John, Alicia Keys e do
célebre compositor Burt Bacharach, morto em fevereiro. Bacharach, ao lado de
Hal David –que morreu em 2012–, escreveu dezenas de sucessos imortalizados na
voz de Warwick, como “I Say a Little Prayer”, “Walk on By”,
“I’ll Never Fall in Love Again” e “A House Is Not a Home”.

Uma composição de Bacharach em específico,
“That’s What Friends Are For”, simboliza outro momento importante da
trajetória de Warwick. Lançado em 1985, o single, que ela canta com Elton John,
Gladys Knight e Stevie Wonder, teve os lucros doados para a Fundação para a
Pesquisa da Aids.

Em 2023, 68 anos após a cantora iniciar a carreira
profissional, seus fãs têm uma penca de materiais à disposição. Em fevereiro,
ela lançou “Peace Like a River”, um single gospel gravado com Dolly
Parton. A música antecipou um álbum todo do gênero, que ela planeja lançar
ainda este ano.


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