Energia limpa do lixo: usina em Marituba abastece 10 mil pessoas por mês

Publicado em 24/05/2025

Mais do que impedir que um gás de efeito estufa seja lançado na atmosfera a partir do processo natural de decomposição do lixo doméstico, uma iniciativa em curso na Região Metropolitana de Belém possibilita transformar esse biogás em energia limpa.

Desde 2023, a usina termoelétrica instalada no aterro sanitário de Marituba, operado pela Guamá Tratamento de Resíduos, recicla e gera energia equivalente ao consumo de dez mil pessoas por mês.

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No processo natural de decomposição do lixo são gerados alguns biogases que possuem componentes como, por exemplo, o metano (CH4), um gás de efeito estufa (GEE) que contribui para o aquecimento global. Portanto, um dos desafios do processo de tratamento de resíduos é buscar caminhos para reduzir as emissões desses gases.

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Atualmente, cerca de 40 mil toneladas de resíduos são recebidas, mensalmente, no aterro sanitário de Marituba. Porém, parte do composto de gases gerados pela decomposição dessa grande quantidade de lixo, hoje, é transformada em energia.

O Gerente Comercial da Guamá Tratamento de Resíduos, Wagner Cardoso, explica que assim que chega ao aterro sanitário, o lixo coletado é devidamente acomodado na área de disposição dos resíduos, onde um sistema de tubulação captura os gases que são gerados a partir da decomposição do lixo e os transporta para uma usina de biogás e para uma usina termoelétrica.



Parte desses gases passam por um processo de queima controlada que possibilita a transformação do gás metano em CO2, que é 21 vezes menos poluente.

Como resultado do tratamento realizado na usina de biogás, o que se obtém é o CO2 e o oxigênio, garantindo a retirada de gás metano da atmosfera.

Geração de Energia Limpa e sustentabilidade

A outra parte dos compostos de gases gerados pela decomposição do lixo é transformada em energia limpa, através da usina termoelétrica.

“Nós geramos cerca de 740 MW/h. Essa quantidade de energia dá para abastecer uma população em torno de 10 mil pessoas por mês”, compara Wagner Cardoso. “E dentro desse processo existe todo um monitoramento, uma calibração, uma certificação”.

Essa energia gerada através do biogás é utilizada para atender ao próprio aterro sanitário, já que é necessário um consumo grande de energia para tratar os resíduos adequadamente.

Com isso, além de não permitir que uma grande quantidade de gás metano seja lançada no meio ambiente, a iniciativa ainda reduz a pressão sobre a concessionária de energia elétrica, uma vez que deixa de utilizar a energia fornecida pela concessionária, para usar a energia gerada na própria usina termoelétrica do aterro.

“A Guamá tem uma Estação de Tratamento de Efluentes que é uma das mais modernas do país, mas ela consome energia. Temos aeradores de tanques biológicos, temos um complexo administrativo aqui dentro para poder abastecer com energia, temos bombas, galpões de manutenção”, contabiliza.

“E hoje a gente retirou essa pressão da concessionária porque a energia que a gente gera é a que a gente está consumindo aqui. E o nosso excedente é que vai para o mercado livre gerando receita para a nossa empresa”.

Aterro sanitário vs. Lixão: Impacto ambiental e tecnologias sustentáveis

Wagner destaca que isso só é possível porque se está lidando com um aterro sanitário. Algo parecido não seria possível em um lixão, por exemplo. “A gente está retirando do meio ambiente essas emissões in natura de gás metano e de outros gases do efeito estufa. E essa diferença vem de um aterro sanitário. Por exemplo, um lixão não produz isso. O lixão é uma agressão ao meio ambiente”, explica.

“Aqui não, aqui é um aterro sanitário, é um complexo de tratamento de resíduos, é um projeto de engenharia, um projeto ambiental sustentável que tem novas tecnologias que fazem com que esses gases não sejam emitidos e nós possamos gerar crédito de carbono, inclusive, aqui na nossa unidade”.

O gerente explica que, com o tratamento adequado das emissões de gases, a empresa pode gerar os chamados créditos de carbono, que são certificados que comprovam a redução das emissões de gases de efeito estufa.

“Empresas auditoras verificam o quanto a gente está tratando e veem o principal que é a geração dos créditos de carbono dessas duas unidades. Tanto a usina de biogás, que trata somente o gás, quanto a que gera energia produzem crédito de carbono”, explica.

“A Guamá Tratamento de Resíduos tem essa missão de transformar aquilo que pensávamos que não existia valor e valorizar isso, trazer essa valorização sustentável porque essa energia que está sendo gerada aqui é uma energia de biogás, é uma energia sustentável. Não estou usando outro recurso natural para gerar energia, então, a nossa missão hoje, aqui, é transformar e valorizar os resíduos da Região Metropolitana de Belém”.




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