Espetáculo leva ao palco as vivências de um homem de 78 anos
Publicado em 06/11/2024
Saudades, tintas, café e jazz. Coisas que o Seu Sebastião, com quase oito décadas vividas, entende e aprecia. É com base nessas 4 palavras que ele conta a própria história, no espetáculo “Antes que eu me chame saudade”. A obra teatral será apresentada nos dias 7 e 8 de novembro (quinta e sexta-feira) às 20h, no Teatro Municipal de Ananindeua.
O espetáculo é um monólogo, onde o público vai poder conferir o personagem, Seu Sebastião, contando a história da própria vida. Cenários coloridos que remetem às pinceladas da história que o viúvo pintou ao passar dos anos, trilha musical e elementos cênicos são alguns dos recursos utilizados durante a peça, que mostram um personagem com muitas histórias e sentimentos.
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O ator e diretor de teatro, Breno Monteiro, que assina a direção da obra, fala sobre os desafios na direção deste tipo de obra.
“A grande diferença de trabalho é o nosso tempo. Em um monólogo, o meu trabalho junto com o Leonardo [protagonista] é minucioso. Não tenho outro ator pra dirigir, então consigo prestar atenção em cada pequeno detalhe e isso trás uma enorme potência na atuação do Leonardo para dar vida ao seu Sebastião. Cada pequeno detalhe foi trabalhado com muito carinho e cuidado”, afirma.
A história
O espetáculo “Antes que eu me chame saudade” mostra a história de seu Sebastião, um viúvo de 78 anos apaixonado por café amargo e que adora escutar jazz, pois o faz lembrar dos bons momentos que já viveu. Ele sente muita saudade da falecida esposa, assim como dos filhos e netos, que poucas vezes o visitam. Quem lhe faz companhia é seu Zé, um velho preguiçoso e resmungão que não levanta da cadeira pra fazer nada.
Leonardo Sousa, que dá vida a seu Sebastião e também é o dramaturgo do espetáculo, afirma ter muitas semelhanças com o personagem, embora tenham mais de 50 anos de diferença.
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“Existem diversos pontos de semelhança entre seu Sebastião e eu. Por exemplo, nós dois somos apaixonados por jazz, por café e somos românticos incuráveis. Então, vivenciar isso e perceber que essa foi minha primeira construção de dramaturgia me deixa muito feliz. Levar ao público o debate que trago, sobre solidão, o mascaramento dessa solidão, saudade, abandono. Apesar de ser um espetáculo para todos os públicos, busco uma reflexão principalmente aos mais jovens”, conta o ator.
A construção
Leonardo encara o desafio de interpretar um idoso no palco. Uma construção da história que começou há alguns anos.
“Quando comecei o processo eu tinha 23 anos e precisava construir o corpo de um personagem com 78 anos. São 55 anos de diferença de história, de peso, de vivências. Comecei pela história, formulei quem era esse personagem, o que ele fazia, como ele vivia. Depois foi o trabalho de passar toda essa construção que estava na minha cabeça para o meu corpo, inclusive, em alguns ensaios, trabalhei com pesos de academia para buscar essa estrutura corporal.”
Breno Monteiro conta que há uma relação forte entre ele e a história. Por isso, voltar a dirigir o espetáculo é uma forma de revisitar memórias agradáveis.
“Antes que eu me chame saudade” é um espetáculo de poesia pura, e poder retornar aos palcos depois de quase dois anos é uma possibilidade de matar a saudade que eu estava dessa história e desses personagens. Para mim é muito agradável passar uma tarde ao lado do seu Sebastião, tomando café, ouvindo boa música e escutando todas as inúmeras histórias que ele tem pra nos contar”, afirma o diretor.
Breno também destaca o intenso trabalho de construção do espetáculo, que foi apresentado pela primeira vez em 2022.
“Nesta segunda temporada o trabalho é relembrar cada detalhe do corpo do ator, das marcações e principalmente dos sentimentos, para levar ao público. Sabemos o quanto é importante falar sobre esse tema, o abandono na terceira idade e o quanto algumas famílias acabam se afastando dos seus avós e só sentem falta quando já é tarde demais. Então esse espetáculo tem uma mensagem muito importante, que é: aproveitem cada minuto, hora, dia com os seus avós e pais, antes que eles se tornem apenas uma lembrança, uma fotografia ou um quadro pintado e pendurado na parede.”
Ficha técnica
A direção e a iluminação são feitas por Breno Monteiro. Leonardo Sousa é o intérprete do personagem e dramaturgo. Eliane Gomes assina a trilha sonora, baseada em jazz, que traz um pouco de alegria, solidão e nostalgia. Eliane também é a responsável pela preparação corporal. A produção e o conceito visual são feitos por Lauro Sousa e a concepção de cenografia e figurino é de Thaís Sales.
Espetáculo “Antes que eu me chama Saudade”
- Sessões: 7 e 8 de novembro (quinta e sexta-feira), às 20h
- Local: Teatro Municipal de Ananindeua – Estrada do Maguari, 3360 – Maguari
- Ingressos: R$ 30 (Inteira) e R$ 15 (Meia)
- Mais informações e ingressos: (91) 98112-3688