Fazer o plano de negócio é o 1º passo para ser sustentável
Publicado em 30/11/2024
Na última semana da 4ª edição do projeto “Você Empreendedor”, que o DIÁRIO DO PARÁ desenvolve para mostrar que participar da 30ª Conferência das Partes, a COP30, como empreendedor pode representar uma oportunidade única para contribuir com soluções sustentáveis e inovadoras aos desafios ambientais globais, a décima matéria da série detalha um pouco sobre algo muito necessário e que pode fazer toda a diferença para o sucesso de um empreendimento sustentável: um plano de negócios adequado e elaborado de forma a integrar práticas inclusivas, de preservação ambiental e responsabilidade social, para além da busca por lucro.
Analista da Unidade de Sustentabilidade e Inovação do Sebrae no Pará, Igor Costeira afirma que é necessário partir de uma proposta central na qual se demonstre o objetivo de crescer e obter lucros ao mesmo tempo em que se preserva o meio ambiente – assim a estruturação de um negócio sustentável se torna mais eficaz quando realizada de forma direcionada.
“O Sebrae oferece soluções empresariais específicas que orientam os empreendedores a desenvolverem seus negócios de maneira sustentável, e dentre essas soluções destaca-se a elaboração de planos de negócios, ferramenta fundamental para a concepção de empreendimentos sustentáveis”, enfatiza.
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No Pará, a organização promove iniciativas como o programa de Negócios de Impacto Socioambiental (Nisa), o Inova Amazônia e o Polo Sebrae de Bioeconomia, que são projetos voltados para o desenvolvimento e fortalecimento de negócios sustentáveis, oferecendo atendimentos personalizados e suporte aos empreendedores interessados em adotar práticas sustentáveis em seus negócios.
“Um negócio sustentável busca equilibrar os aspectos econômicos, sociais e ambientais em suas operações, visando lucro, bem-estar social e preservação do meio ambiente”, reforça Igor. Dentre os valores que devem guiar as práticas estão a responsabilidade socioambiental, que trata da minimização dos impactos ambientais em toda a cadeia produtiva, além da contribuição para o desenvolvimento social das comunidades locais. “Isso inclui promover a inclusão social, garantir trabalho digno e valorizar a diversidade, criando um ambiente mais justo e sustentável”, complementa.
Já a valorização da diversidade é essencial para enriquecer a cultura organizacional. Ao incentivar a diversidade cultural, étnica, de gênero e de orientação sexual, as empresas não apenas promovem um ambiente inclusivo, mas também impulsionam a inovação e a criatividade, fundamentais para o crescimento sustentável.
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Por fim, a transparência e comunicação são vitais para construir a confiança e credibilidade da marca. Manter uma comunicação clara sobre processos, impactos e resultados, tanto para colaboradores quanto para a sociedade, fortalece a relação da empresa com seus stakeholders e promove um compromisso genuíno com a sustentabilidade.
LOCALIZAÇÃO
Igor Costeira explica que a escolha do local onde funciona o empreendimento desempenha um papel crucial nos princípios éticos e ambientais que orientam suas operações, já que impacta diretamente na logística e na acessibilidade para o escoamento de produtos, além de influenciar a pegada ecológica da empresa.
“Mais do que uma simples decisão logística ou econômica, uma localização estratégica pode fortalecer o compromisso da empresa com a sustentabilidade. Isso inclui a mitigação de impactos ambientais negativos, a promoção da responsabilidade social e a contribuição para o desenvolvimento sustentável da comunidade local”, orienta.
O público-alvo para produtos e serviços sustentáveis é composto por indivíduos que compartilham características e interesses comuns, como valores, comportamentos e necessidades relacionadas à sustentabilidade. Esse grupo está disposto a investir um valor adicional em produtos que promovam um impacto positivo no meio ambiente e na sociedade. Para definir esse público-alvo de forma eficaz, é essencial considerar suas particularidades.
Algumas estratégias recomendadas incluem análise de dados demográficos e socioeconômicos, pesquisa sobre estilo de vida e comportamento, criação de personas para estratégias de marketing e utilização de ferramentas de segmentação. Ao adotar essas abordagens, as empresas podem se conectar de maneira mais eficaz com seu público-alvo, promovendo produtos e serviços que atendam às suas expectativas e valores”, detalha.
Identificar a demanda por soluções sustentáveis também é importante e requer uma abordagem multifacetada, que combine pesquisa, análise de dados e interação com o público-alvo. Isso permitirá uma compreensão mais profunda das necessidades do mercado e o desenvolvimento de soluções que realmente atendam a essas demandas.
“É importante realizar uma pesquisa de mercado, estudando as tendências de consumo e tecnológicas relacionadas à sustentabilidade no seu segmento, analisando como os concorrentes estão abordando soluções sustentáveis e observando a resposta do mercado a essas iniciativas. Por fim, desenvolver um protótipo da sua solução sustentável e realizar testes no mercado para avaliar a aceitação e coletar feedback é fundamental”, sugere.
O investimento inicial em um negócio sustentável pode variar significativamente de acordo com diversos fatores, como o tipo de empreendimento, as formas de produção, a localização e as práticas específicas que o empreendedor deseja implementar. No entanto, existem custos comuns entre empreendimentos sustentáveis, incluindo equipamentos, materiais, certificações, comunicação e treinamentos.
“Há os financiamentos sustentáveis, que são operações de crédito que visam facilitar ações de sustentabilidade, inovação e a transição para uma economia de baixo carbono. Para que micro e pequenos negócios possam acessar esses financiamentos, é fundamental realizar um diagnóstico detalhado da empresa e elaborar um projeto que capte recursos, além de buscar as melhores condições que se alinhem ao seu modelo de negócios sustentável. Uma das principais vantagens é que as entidades financeiras podem oferecer condições mais favoráveis, como taxas de juros reduzidas e prazos mais longos, para clientes que se comprometem com projetos e iniciativas verdes”, resume, citando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como um das opções de que disponibiliza diversas linhas de financiamento voltadas para o desenvolvimento sustentável.
Mas por onde seguir?
Entre os modelos que podem ser adotados em negócios e iniciativas sustentáveis, destacam-se:
Economia circular: Este modelo envolve a reciclagem e o reuso de produtos descartados, transformando-os em novos itens. Inclui práticas de aluguel e compartilhamento de produtos para incentivar a reutilização, além de técnicas de upcycling, que transformam resíduos em produtos de maior valor agregado.
Comércio justo: Focado em cooperativas que asseguram melhores condições de trabalho, esse modelo garante transparência na cadeia de suprimentos e utiliza certificações que validam práticas éticas de produção e comércio.
Impacto socioambiental: Negócios que visam resolver problemas sociais ou ambientais, reinvestindo lucros em suas missões sociais, equilibrando lucratividade com um propósito social significativo.
Ações estratégicas quais adotar?
De acordo com Igor Costeira, os empreendimentos responsáveis sob o aspecto socioambiental ganham destaque no mercado, já que os consumidores estão priorizando, cada vez mais, empresas que não se concentram apenas no lucro, mas que demonstram um compromisso genuíno com a sociedade e o meio ambiente. Essas empresas podem adotar diversas ações estratégicas:
- Promoção de publicidade positiva: marcas que se preocupam com práticas sustentáveis e oferecem produtos ou serviços que refletem essa preocupação tendem a construir uma reputação mais positiva no mercado. Os consumidores estão cada vez mais conscientes dos impactos ambientais de suas escolhas.
- Estabelecimento de parcerias: formar parcerias com outras empresas ou organizações para desenvolver projetos que visem a redução dos impactos ambientais é uma estratégia eficaz. Essas colaborações não apenas ampliam o alcance das iniciativas sustentáveis, mas também fortalecem a imagem da marca, mostrando um comprometimento coletivo com a causa ambiental, ferramenta poderosa para atrair e fidelizar clientes.
- Oferecimento de produtos e serviços diferenciados: desenvolver produtos e serviços personalizados que agreguem valor sustentável é uma maneira eficaz de se destacar. Ao oferecer opções que refletem a preocupação com o meio ambiente e proporcionam uma experiência de compra única, as empresas conseguem conectar os clientes aos seus valores, promovendo uma relação mais significativa.
- Engajamento de clientes: promover ações de engajamento, como programas de fidelidade, comunidades online e eventos, é fundamental para criar um vínculo duradouro com os consumidores. Essas iniciativas não apenas incentivam a participação ativa dos clientes, mas também reforçam a identidade da marca como uma empresa comprometida com a sustentabilidade.
Quais recursos utilizar?
Tecnologias
- Eficiência energética e energias sustentáveis: adoção de lâmpadas LED, que consomem menos energia, e instalação de painéis solares para gerar eletricidade a partir da luz solar, contribuindo para a redução do consumo energético e das emissões de carbono.
- Gestão da água: implementação de sistemas de tratamento e reutilização da água para diferentes finalidades, como irrigação e limpeza, promovendo a conservação desse recurso vital.
- Coleta de resíduos: estabelecimento de práticas de separação de resíduos que facilitem a reciclagem e o tratamento adequado, minimizando o desperdício e promovendo a economia circular.
Utilização de materiais sustentáveis: emprego de materiais reciclados na produção de novos produtos e a escolha de materiais que se decomponham naturalmente, reduzindo o impacto ambiental e promovendo a sustentabilidade.
PARA ENTENDER
A 4ª edição do “Você Empreendedor” conta com 12 reportagens publicadas desde 10 de novembro sempre aos domingos, terças e quintas, com a última publicação prevista para 5 de dezembro.