O filme com Pereio gravado no Pará e exibido em Cannes
Publicado em 16/05/2024
Falecido no último domingo (12), o ator Paulo César Pereio protagonizou vários filmes icônicos em todo o país. Entre eles, está o aclamado ‘Iracema – Uma Transa Amazônica’, de 1974.
Gravado no Pará, o filme contraria as propagandas da ditadura militar brasileira, que à época, alardeava uma suposta expansão do país e ‘descobrimento’ da Amazônia com a construção da Rodovia Transamazônica (BR-230).
O filme mostra a história do caminhoneiro Tião Brasil Grande (Pereio) que, ao viajar pela região Norte, acaba conhecendo Iracema (Edna de Cássia) em um bordel de Belém. Eles se apaixonam e seguem a viagem juntos, até que Tião abandona Iracema em um outro bordel, na beira da estrada.
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O filme retratou a realidade da região na época, a mais pobre do país, que sofria com grilagem de terras, o desmatamento, as queimadas, além da prostituição e da miséria que afetavam as populações que viviam nos arredores de estradas como a Transamazônica e a Belém-Brasília.
A ideia inicial do filme veio do diretor, Jorge Bodanzky, que trabalhava como fotógrafo para uma revista brasileira e percebeu as movimentações na Belém-Brasília durante o trabalho, quando resolveu fazer um filme sobre aquilo.
O projeto inicialmente foi encomendado por uma emissora de TV alemã, que exibiu o filme como um projeto experimental. Com o sucesso, o longa foi, então, indicado para a Semana dos Críticos do Festival de Cannes, em 1978.
No Brasil, o filme foi proibido pela ditadura militar, e só pôde ser exibido nos cinemas em 1981, com a queda da censura.
Edna de Cássia, a jovem paraense que, sem nenhuma experiência em atuação, foi vencedora do prêmio de melhor atriz no Festival de Brasília, não seguiu a carreira de atriz.
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Ela sofreu com o assédio, convites para fazer o papel de prostituta em filmes internacionais, invasões na sua casa e o sensacionalismo da imprensa.
Hoje professora, aposentada e avó, Edna fez as pazes com uma personagem que lhe custou muito nos anos após o lançamento do filme.
O filme foi revisitado em 2005, no documentário ‘Era uma vez Iracema’, com relatos e making of do longa.