Paciente com câncer casa em leito de hospital em Belém

Publicado em 14/06/2024

Em uma semana onde o amor foi comemorado de diversas formas, nada como um casamento para selar a união de duas pessoas que se amam há muito tempo. 

A dona de casa Gracilene Pantoja, 50 anos, está internada desde maio no Hospital Ophir Loyola (HOL), em Belém, atualmente em tratamento paliativo devido ao câncer de mama. Nesta sexta-feira (14), ela realizou o sonho de oficializar a união com o despachante rodoviário, Fernando Martins, de 56 anos. O casal contou com o apoio da equipe para celebrar a cerimônia religiosa na unidade hospitalar, cercado de amigos e familiares.

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Há dois anos, Gracilene foi diagnosticada com câncer de mama. Desde então encontra na fé a força necessária para lidar com o enfrentamento da doença. “Deus tem sido o meu porto seguro, assim como o Fernando, minhas filhas e todas as pessoas que estão envolvidas no meu tratamento. São eles que elevam o meu astral e me dão segurança para continuar essa jornada. Eu só tenho a agradecer a Deus por isso”, afirmou a paciente.

O casal se conheceu em meados dos anos 2000 por meio da irmã de Fernando, melhor amiga e atual cunhada de Gracilene, que convidou ambos para um passeio de barco. “Ela sempre falava bem do irmão por ser responsável e direito. À época, eu estava solteira e sempre sonhei em encontrar alguém especial. Então, eu sempre dizia que algumas pessoas não sabem agarrar a sorte que tem e se eu ficasse com ele, seria diferente porque iria ensiná-lo a gostar de mim e me amar do jeito que eu sou”, contou.

“Eu não estava na expectativa de ter um relacionamento sério, porque o Fernando havia saído a pouco tempo de um relacionamento, mas o futuro havia reservado algo especial para nós dois. Ele insistiu em mim e hoje estamos há 23 anos vivendo juntos. Então posso afirmar que o Fernando me respeita e me ama, faz tudo pela nossa família e estamos muito felizes. Sempre quis casar na presença de Deus e realizei esse sonho”, disse a paciente.

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Fernando e Gracilene planejavam o matrimônio, mas o quadro de saúde da noiva impediu que se concretizasse da forma como haviam imaginado. E, no último dia 12, Dia dos Namorados, o despachante rodoviário decidiu pedi-la em casamento, diante de um leito hospitalar para confirmar a importância do relacionamento.

“Ela trabalhava em um escritório de advocacia onde ficou por um bom tempo até engravidar da nossa primogênita. Tínhamos uma vida bem estabilizada, porém escolheu ser dona de casa. É uma esposa excelente, muito protetora e dedicada. Infelizmente, está passando por esse processo, mas a vida inteira cuidou de mim e das filhas com todo cuidado que uma matriarca poderia ter. Agora, é o nosso momento de retribuir o que ela já fez por nós. Sempre digo a ela para não perder as forças e nunca desistir, pois nunca desistiremos dela”, garantiu Fernando.

Hospital casamenteiro

Histórias de amor e cerimônias não tradicionais marcam o Hospital Ophir Loyola. Ao todo, sete casamentos foram realizados na unidade de saúde. Todas evidenciaram que o sentimento genuíno prevalece na saúde e, principalmente, na doença. Os noivos contaram com apoio da equipe do HOL e voluntários, que se mobilizaram para conseguir alianças, trajes, buquê, maquiagem, cerimonial, fotolivro e decoração do auditório.

A entrada de Gracilene ocorreu em um leito com suporte de vida, conduzida pelos profissionais da clínica de cuidados paliativos oncológicos. Os votos de amor eterno e discursos emocionaram os presentes. Na ocasião, o diretor-geral, Jaques Neves, proferiu a leitura da passagem bíblica 1 Coríntios 13, para homenageá-los e destacar um amor puro que supera todas as dificuldades. “Hoje, ganhamos mais uma página que ficará guardada em nossas memórias, um exemplo de um casal que mostrou a importância e o verdadeiro significado do amor para podermos refleti-lo e contemplá-lo em toda a sua magnitude.”

“Durante toda a cerimônia, ela ficou tranquila e sorrindo. Atuamos em uma área complexa da medicina, contudo não amenizamos somente os sintomas físicos, mas proporcionamos intervenções psicológicas, sociais e espirituais. Por isso, quando soubemos que o casal buscava oficializar a relação, acionamos as nossas equipes com o intuito de valorizar a autonomia da nossa paciente e respeitar seus valores e prioridades”, destacou a enfermeira Margarida Carvalho.


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