Polícia pede perícia para investigar morte de atriz mirim

É difícil encontrar palavras quando a vida de uma criança se encerra tão abruptamente. Em pleno século XXI, com os avanços da medicina e a rapidez das informações, ainda somos surpreendidos por tragédias que parecem absurdas demais para serem reais. A morte precoce da atriz mirim Millena Brandão, de apenas 11 anos, pegou a todos de surpresa e acendeu um alerta doloroso sobre o atendimento médico em emergências públicas no Brasil.

Millena começou a sentir-se mal no dia 23 de abril. Levando a filha ao Pronto-Socorro Pedreira, a mãe, Thays Brandão, recebeu como diagnóstico uma suposta dengue. A menina foi medicada e liberada para casa. Porém, os sintomas persistiram e, nos dias seguintes, ela precisou ser encaminhada a outras duas unidades de saúde: a UPA Dona Maria Antonieta e, posteriormente, o Pronto-Socorro Geral do Grajaú.

Foi nesse último hospital que, após a realização de uma tomografia, identificou-se uma mancha no cérebro da atriz. Diante da gravidade do quadro, Millena sofreu 12 paradas cardíacas e não resistiu. A dor da perda se mistura agora à dúvida sobre uma suposta negligência médica.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo confirmou que o caso foi registrado como “morte suspeita” e exames periciais foram solicitados. O boletim de ocorrência foi registrado pela mãe da atriz no 101º Distrito Policial, localizado no Jardim Imbuias, zona sul da capital paulista.

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Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde informou que será instaurada uma sindicância para apurar os atendimentos realizados. Um teste de dengue, feito no dia 28, teve resultado negativo. No dia 29 de abril, após piora do quadro clínico, foi solicitada transferência da menina para outra unidade via Siresp. A vaga foi concedida pelo Hospital Geral do Grajaú, onde Millena deu entrada em estado crítico e não resistiu às paradas cardíacas.

Ainda segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a transferência da menina para o Hospital das Clínicas chegou a ser considerada, mas foi cancelada devido à instabilidade da paciente. Médicos suspeitaram de um tumor cerebral após identificarem uma massa de cinco centímetros no cérebro da atriz, mas até o momento não foi confirmado se este fator foi, de fato, a causa da morte.

O corpo de Millena foi liberado pelo IML na manhã do último domingo (04). Procurado, o Serviço de Verificação de Óbitos (SVO) da USP não deu retorno sobre a realização da autópsia.

No velório, realizado na capela principal do Cemitério Campo Grande, amigos e parentes evitaram conversar com jornalistas, visivelmente abalados. A cerimônia foi aberta ao público e contou com a presença de dezenas de pessoas que acompanharam de perto a trajetória da jovem atriz.

Nas redes sociais, o caso gerou uma onda de comoção. “Não há quem resista a 12 paradas cardíacas, imagina isso para uma criança. Que ela descanse em paz!”, escreveu um internauta. Outros levantaram questões sobre as falhas nos atendimentos de emergência no Brasil: “Recebe dipirona e vai para casa. Se piorar, volta e enfrenta a fila novamente. Se der sorte, se cura. Se não…”.