Quando procurar atendimento em caso de suspeita de dengue
Publicado em 14/03/2024
Em Belém, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, foram notificados 949 casos de dengue este ano, sendo confirmados 439, outros 240 em situação de análise e 270 foram descartados. Para evitar o agravamento da doença, é preciso ficar atento aos sintomas e procurar atendimento médico.
A coordenadora do Programa Municipal de Combate à Dengue da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Mara Costa, destaca os sintomas da doença os quais a população deve estar atenta. Os principais são: dor de cabeça, febre, dor atrás dos olhos, dores musculares e dores articulares. “As manchas vermelhas na pele já começam a surgir a partir do terceiro dia acometido pela doença, então é preciso estar atento a estes sintomas básicos”, disse.
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Ainda de acordo com Mara Costa, além de estar alerta aos sinais, o paciente deve procurar atendimento médico para que o quadro da doença não evolua e, não deve em hipótese alguma se automedicar. “Orientamos que, se a pessoa perceber esses sintomas, não tome nenhum remédio e procure orientação médica. Inclusive, remédios que contém metilsalicilato são contra-indicados. Portanto, é importante que o paciente tenha orientação médica para tratar corretamente a doença e não acarretar em outros problemas”, ressalta.
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“O resultado serve para termos um panorama do cenário da doença. Portanto, pedimos para que a população também nos ajude a evitar a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da doença, mantendo o quintal limpo, deixando pneus cobertos e evitando água parada para não tornar o ambiente propício à criadouros do mosquito”, completa.
De acordo com o Ministério da Saúde, a dengue possui padrão sazonal, com aumento do número de casos e o risco para epidemias, principalmente entre os meses de outubro a maio do ano seguinte.
Quais medicamentos podem ser usados em caso de suspeita ou diagnóstico de dengue?
O principal tratamento da dengue clássica envolve tomar bastante líquido (de 60 a 80 ml por kg de peso) porque uma das características do vírus é retirar líquidos dos vasos sanguíneos. Para combater as dores no corpo e a febre, dois medicamentos são indicados: paracetamol e dipirona.
Se surgirem outros sintomas, como dores abdominais intensas, vômitos excessivos que impedem a hidratação e a alimentação, hipotensão, diminuição da quantidade de urina e sangramentos nasais e gengivais, é imprescindível procurar atendimento médico imediato. Estes sintomas indicam que a doença está se agravando.
Se o paciente tiver condições de ir de alta, deve receber orientações da hidratação (60-80mL/kg), além dos remédios para conter os sintomas e informações acerca dos sinais de agravamento da doença, que podem ocorrer entre o terceiro e o quinto dia de doença.
Em caso de confirmação de dengue, quais medicamentos devem ser evitados?
No tratamento da dengue clássica devem ser evitados os anti-inflamatórios não esteroidais (ibuprofeno, diclofenaco, ácido acetilsalicílico, ácido salicílico, diflunisal, salicilato de sódio, metilsalicilato) e os corticoides.
Os anti-inflamatórios não esteroidais podem favorecer sangramentos e o aumento da acidez no sangue (acidose). Isso acontece porque eles reduzem a agregação das plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue, e costumam ser recomendados para pacientes cardíacos ou pós-acidente vascular cerebral para “afinar o sangue”.
Porém, em pacientes com dengue que apresentem fragilidade dos vasos sanguíneos, tomar anticoagulantes pode acelerar o surgimento de hemorragias.
Pacientes que usam anticoagulantes regularmente devem consultar um médico imediatamente em caso de suspeita de dengue.
O uso do ácido acetilsalicílico, além de afinar o sangue, pode também alterar o seu pH em doses mais altas, deixando-o mais ácido. Associada à redução abrupta dos líquidos dos vasos sanguíneos, que também modifica a acidez do sangue, essa alteração pode causar a acidose metabólica, que pode levar à insuficiência em vários órgãos e até à morte por choque e sangramentos.
Já o uso de corticoide tem a tendência de reduzir a resposta imunológica do organismo e também de aumentar o risco de sangramentos. Para pacientes com dengue, este é mais um fator de risco para o agravamento da doença.
Como diferenciar os sintomas da dengue clássica da dengue com sinais de alarme e dengue grave?
Dengue clássica: consiste em um conjunto de sintomas entre os quais se destacam a febre, geralmente alta (39°C a 40°C), de início abrupto, associada à cefaleia, fraqueza muscular, dor muscular, nas articulações e atrás dos olhos, com presença ou não de manchas vermelhas na pele. Podem ocorrer náuseas, vômitos e diarreia entre dois a seis dias.
Dengue com sinais de alarme: entre o terceiro e quinto dia, podem surgir sintomas mais preocupantes. Nesta fase, a febre cede e pode ocorrer dor abdominal intensa, vômitos, queda brusca da pressão arterial, hepatite viral, diminuição da urina, queda abrupta na quantidade de plaquetas, sangramento de mucosas e de outras partes do corpo, como nariz, útero e gengivas. Algumas vezes vômitos excessivos impedem a alimentação, particularmente em quadros mais graves de dengue. Portanto, a baixa aceitação alimentar é um sinal de gravidade.
Qual o momento certo para procurar atendimento médico?
É fundamental buscar atendimento médico para o tratamento adequado quando se notar a presença de febre acima de 38°C, sobretudo se estiver associada a dor de cabeça, dor no corpo e nas articulações, mal-estar, fadiga, perda de apetite, náuseas, vômitos e manchas vermelhas pelo corpo. A doença pode ser confundida com outras arboviroses, como chikungunya e zika, o que torna mais difícil o diagnóstico.
Fonte: butantan.gov.br