Reforma do Ver-o-Peso continua em “banho-maria”
Publicado em 16/02/2024
Uma das principais obras de preparação da capital paraense para sediar a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP-30), em 2025, é a reforma do Complexo Ver-o-Peso. Os quase 1.200 permissionários que atuam no espaço seguem aguardando com grande expectativa a execução das obras. Em janeiro deste ano, a Prefeitura de Belém apresentou o projeto ao governo federal, em reunião na Casa Civil da Presidência da República.
À época, a prefeitura informou que a previsão para o início da reforma era março deste ano e que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) já havia autorizado, uma vez que o complexo é tombado como patrimônio cultural e material desde 1977. Segundo a prefeitura, o encontro na Casa Civil garantiu a liberação de recursos do governo federal, na ordem de R$ 63 milhões, para serem destinados às obras.
Na ocasião, também foi informado pela prefeitura que a licitação da obra poderia ser concluída até o final do mês passado. Contudo, até o momento, o assunto gera dúvidas e incertezas aos trabalhadores do Ver-o-Peso, que desconhecem quando de fato as obras vão começar. A troca da lona de proteção dos boxes, revitalização do piso e a mudança do sistema elétrico estão entre as intervenções contempladas pelo projeto.
INCERTEZA
Proprietário de um box de descartáveis na feira do Ver-o-Peso, o autônomo Fabio Soares, 44, participou da última reunião convocada pela prefeitura para debater o assunto, no ano passado. Ele atua há 10 anos no complexo. “Estava esperando que a reforma saísse em março. Mas estou desacreditado disso. Na última reunião informaram que iam fazer por partes. Ia começar do estacionamento para cá. Mas até o momento ninguém informou mais nada. Está aquela interrogação ainda, né? Ninguém sabe onde as pessoas serão colocadas, se nas transversais ou em outro lugar”, disse.
Enquanto a reforma não vem, os feirantes seguem enfrentando antigos problemas no espaço. Para Fabio, a atual situação da feira é precária. “Está abandonada mesmo. Tem que trocar a eletricidade, a lona, o piso. Uma reforma geral. Desde quando colocaram essa lona, nunca apareceu ninguém da prefeitura para limpar. Limpeza, segurança e a estrutura da feira são as principais reclamações dos clientes. É muita intensidade de lixo e a prefeitura mandar lavar só uma vez na semana, às vezes não lava. Então, fica aquele odor. Muita gente se afastou e a tendência é piorar”, garante.
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Já o artesão Jacó Souza, 38 anos, que trabalha há 15 anos no setor de artesanato, acredita que o projeto contempla a redução das barracas do setor, o que pode prejudicar os trabalhadores, que precisam de bastante espaço para guardar as mercadorias. “Eles (a prefeitura) querem reduzir mais (o tamanho da barraca). Acho que é para dar mais visão do espaço, vão trocar a lona e outras coisas. Praticamente é só um enfeitezinho, não vai ser tão bom para a gente. Quando chove temos que recolher, porque molha toda a mercadoria”, pontua.
Visitando Belém e a feira do Ver-o-Peso pela primeira vez, o analista de sistemas Ronald Bianco, 57, que veio de Campinas (SP), gostou de conhecer a feira, que é um dos cartões-postais da capital. Mas ressaltou o que observou e poderia ser melhorado no local. “É um lugar bastante típico da região. Você acha desde animais vivos até cachaça, verduras e tudo mais. Para a gente é meio inédito, diferente. Com relação à limpeza, eu já não achei tão legal, principalmente ali perto da Feira do Peixe, e também um pouquinho ali para a região perto da rua. E tivemos um pouco de dificuldade de parar na região. Mas no geral, a feira é bastante agradável de você passear, as pessoas são muito acolhedoras. Então a gente gostou do mercado”, declara.
PARA ENTENDER
Respostas
Em nota, a Secretaria Municipal de Urbanismo (Seurb) informou que o processo ainda está em fase de licitação e assim que for concluído será informado.
Já a Guarda Municipal de Belém (GMB) informou que “o Complexo do Ver-o-Peso conta com câmeras de alta resolução, monitoradas 24 horas pelo Sistema Integrado de Monitoramento da corporação, além de receber rondas e base diárias por meio de motos e viaturas da área e da Ronda do Centro Histórico”.
E que “constantemente faz abordagens e busca pessoal e, quando necessário, também a apreensão de produtos ilícitos e dispersão de pessoas que utilizam irregularmente o local”.
A população pode auxiliar o trabalho da GMB denunciando qualquer situação. Para isso, basta ligar para 153 ou 190 e a guarnição mais próxima vai ao local.