Rota Ancestral convida à imersão na cultura de Icoaraci

O distrito de Icoaraci, em Belém, será transformado em um palco de escuta, conexão e valorização das raízes culturais com a realização da primeira e inédita edição da “Rota Ancestral – Movimentando o Ecoturismo em Icoaraci”, no próximo domingo, 4 de maio. A atividade é uma iniciativa do coletivo CHIBÉ, que atua com projetos de valorização cultural e territorial na região. A programação será gratuita e aberta ao público, com início às 8h, na sede do coletivo, localizada no bairro do Cruzeiro, e se estenderá até o meio-dia, com diversas paradas por espaços simbólicos do distrito.

A proposta da “Rota” é simples e potente: caminhar para conhecer e reconhecer o que pulsa no cotidiano dos moradores de Icoaraci — suas histórias, saberes, práticas e modos de vida. O trajeto será conduzido por jovens do próprio território, que vão passar por um processo de formação intensiva nos dias 26 e 27 de abril para atuarem como “guardiões da memória”.

Segundo a idealizadora e gestora do coletivo, Tay Silva, a ideia do projeto surgiu a partir de trocas com o Ecomuseu de Belém e do contato direto com as olarias do Paracuri, onde o grupo se deparou com histórias potentes sobre a arte da cerâmica, as mestras e mestres do barro e a força da cultura popular icoaraciense.

“Nós ouvíamos muito sobre a grandiosidade do fazer ancestral da cerâmica e nos comprometemos em fortalecer esse movimento. A Rota veio para isso: valorizar o território, formar multiplicadores dentro e fora de Icoaraci — gente que se comprometa com essa memória viva”, explica Tay.

Para ela, o projeto representa uma ponte entre passado, presente e futuro da comunidade. “A Rota Ancestral é também uma tecnologia social de resistência. É um convite a olhar para o território com outros olhos, com respeito, escuta e presença”, afirma.

A formação dos guardiões acontecerá em espaços simbólicos do distrito, como o ateliê Na Casa do Artista e a própria Cerâmica Família Santana. O conteúdo vai ser ministrado por mestres como Auda Piani, Maynara Santana e Mestre Guilherme, com foco em temas como cerâmica tradicional, identidade amazônida, bioeconomia e pertencimento cultural.

FORTALECIMENTO

Durante a caminhada, os participantes irão percorrer uma rota afetiva e simbólica, imaginada a partir da escuta e da interação dos guardiões com o território. O trajeto inclui locais como a tradicional Cerâmica Família Santana, além de outras olarias em funcionamento — onde será possível observar de perto os processos de moldagem e queima do barro — e também pontos históricos que contam a resistência e a ancestralidade do povo icoaraciense.

A imersão cultural será limitada a 30 participantes e pretende proporcionar uma vivência sensorial, afetiva e política do território.

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“Minha expectativa é que esse dia seja uma verdadeira travessia afetiva e política por Icoaraci. Quero que as pessoas se sintam tocadas pela força da memória viva do território, pelos saberes dos mestres e mestras da cerâmica, e pela beleza do nosso ecossistema cultural”, declara Tay.

“Que levem consigo não só histórias, mas também o senso de responsabilidade coletiva em fortalecer essa rota que pulsa ancestralidade, ecoturismo e bem viver”, acrescenta a gestora.

TROCA DE CONHECIMENTO

Com muito tempo de atuação em Icoaraci, a Cerâmica Família Santana se consolidou como referência na preservação do ofício ancestral do barro, traduzindo em formas e grafismos uma identidade ligada às culturas originárias da Amazônia. Sua participação na Rota Ancestral reforça o compromisso do projeto com a valorização das raízes culturais do território.

Para a empreendedora e ativista Maynara Santana, a parceria com a cerâmica é natural, já que ambas as iniciativas compartilham a mesma essência: o orgulho de pertencer e o desejo de fortalecer a autoestima coletiva.

“A cerâmica representa o que temos de mais valioso aqui. É sobre reconhecer a nossa potência, sem depender de validação externa. Isso é memória viva”, afirma.

O projeto “Rota Ancestral – Movimentando o Ecoturismo em Icoaraci” é uma realização do coletivo CHIBÉ, com patrocínio do programa RE-FARM CRIA CORAÇÃO DA FLORESTA, iniciativa da FARM RIO e Instituto Regatão, que investe em projetos liderados por juventudes amazônidas.

CHIBÉ

O CHIBÉ é uma organização dedicada à defesa e ampliação do acesso às múltiplas artes, aliadas a pautas sociais, educacionais, ambientais, climáticas e culturais nas periferias da Amazônia. Há cinco anos, promove ações socioambientais e antirracistas, utilizando a educomunicação como ferramenta de transformação social e defesa dos direitos humanos no território. Com foco nas comunidades amazônicas, a iniciativa busca criar conexões que valorizem a cultura local e fortaleçam direitos fundamentais.

SERVIÇO

Rota Ancestral: Movimentando o Ecoturismo em Icoaraci

Quando: Domingo, 4 de maio

Horário: Das 8h às 12h (duração aproximada de 4 horas);

Ponto de encontro: Sede do Coletivo CHIBÉ – Bairro do Cruzeiro, Icoaraci (Belém-PA);

Gratuito.