Sem funcionar, PSM de Ananindeua manda pacientes para Belém

Publicado em 29/08/2024

Troca de acusações, demora no prazo de entrega, embargo de funcionamento e denúncia de calote: a inauguração do Pronto-Socorro Municipal de Ananindeua foi marcada por uma verdadeira polêmica, que botou em cheque o nome do prefeito Daniel Santos (PSB).

Inaugurado no dia 4 de julho por Daniel, o hospital seria, segundo ele, o “primeiro PSM público de Ananindeua e da Grande Belém”. Isso na teoria, pois, na prática, quem procura pelo pronto-socorro se depara com dois cenários: portas trancadas ou indisponibilidade de atendimento no local.

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Denúncias enviadas à Redação do DOL dão conta de uma situação degradante: vários pacientes que buscam por atendimento no PSM de Ananindeua são sumariamente encaminhados ao Pronto-Socorro Dr. Roberto Macedo, localizado às margens da avenida Augusto Montenegro, no bairro do Bengui, em Belém, para conseguirem ter suas solicitações atendidas.

Em um documento de transferência improvisado em um papel de receituário, a médica do PSM de Ananindeua pede a transferência do paciente ao PSM do Bengui, a cerca de sete quilômetros de distância, para avaliação cirúrgica de um quadro de pedra da vesícula — um distúrbio muito comum que possui mais de 2 milhões de registros por ano no Brasil, segundo estimativas do Hospital Israelita Albert Einstein.

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A situação, segundo as denúncias, seria comum desde que a unidade hospitalar pública de Ananindeua foi aberta. Os problemas iniciam com a pouca disponibilidade de profissionais de saúde para atender no PSM e vão até ao flagrante das portas do hospital fechadas, em especial aos finais de semana.



Segundo a Prefeitura de Ananindeua, o PSM possui aproximadamente 3 mil m² e conta com pronto atendimento, duas salas cirúrgicas de médio porte, apoio diagnóstico, 65 leitos de enfermaria, 10 leitos de UTI, dois blocos cirúrgicos e outras estruturas, sendo regulado pelas UPAs do município, com capacidade de atendimento de cerca de 2.250 pacientes nos leitos por mês.

Mas, na realidade, o cenário é bem diferente, assim como em boa parte da rede de saúde pública municipal de Ananindeua. Vale lembrar que o prefeito Daniel Santos é médico de formação e já foi dono do Hospital Santa Maria, o qual recebeu vultuosos repasses de recursos dos cofres públicos durante a atual gestão.

POLÊMICAS QUANTO AO PSM DE ANANINDEUA

Desde que foi anunciado pelo prefeito Daniel Santos, a construção do PSM de Ananindeua esteve envolvida em polêmicas. Para começar, a unidade hospitalar usou a estrutura do Hospital Camilo Salgado, que funcionou no local por cerca de 30 anos até o prédio ser desapropriado pela Prefeitura de Ananindeua em dezembro de 2021, por um valor de R$ 14 milhões.

Desde então, a unidade passou boa parte do tempo com as obras paralisadas, com a mesma sendo retomada e entregue apenas em julho de 2024, ano eleitoral.

No entanto, o pagamento de R$ 14 milhões, até a data de inauguração, ainda não tinha sido integralmente efetuado pela gestão de Daniel Santos aos antigos proprietários do Hospital Camilo Salgado, o que motivou uma disputa judicial que resultou no embargo da liberação do funciomanento do PSM de Ananindeua.

Daniel veio a público apontar que a família do deputado estadual Gustavo Sefer (PSD) seria a responsável por impedir o funcionamento do PSM de Ananindeua. O parlamentar, por sua vez, expôs em detalhes o que motivou a ação judicial que resultou na suspensão do atendimento no hospital, causada pelo calote de R$ 10 milhões de Daniel à família de Sefer e aos outros dois sócios do antigo Camilo Salgado.

“Em janeiro de 2021, no primeiro mês do mandato do atual prefeito, ele simplesmente suspendeu os pagamentos e não pagou mais nenhum centavo de repasses para o Hospital Camilo Salgado, o que, naturalmente, fez com que o hospital precisasse suspender o atendimento, o que ele (Daniel Santos) justifica. Ele falou no vídeo dele que o hospital prestava um serviço com muita reclamação das pessoas. É verdade, prefeito. Concordo com você. A partir de janeiro de 2021, quando você assumiu a prefeitura”, disse Sefer à época.


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