Trânsito tem hierarquia para garantir segurança e cuidado para todos
Publicado Diário FMem 30/03/2025
Como uma via de mão dupla, o trânsito exige responsabilidade de todos. A segurança nas vias também depende da consciência de que veículos maiores devem zelar pela segurança dos menores, e todos, sem exceção, precisam proteger os pedestres. Essa hierarquia de responsabilidades, prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), existe para reduzir riscos e garantir um convívio seguro entre motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres.
O diretor técnico-operacional do Departamento de Trânsito do Pará (Detran-PA), Bento Gouveia, explica que a hierarquia está prevista no artigo 29, parágrafo 2º, do CTB. “Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres”, lembra sobre o que diz o artigo.
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Ele explica que essa filosofia foi implementada com o CTB trazendo, entre outras mudanças, a pontuação na carteira de habilitação e a municipalização do trânsito. “Antes, não existia pontuação. A partir do momento que houve a pontuação, a cobrança sobre os motoristas aumentou”.
Situações
No cotidiano, essa lógica se manifesta em diversas situações. Motoristas de carretas, por exemplo, costumam sinalizar com setas para alertar outros condutores sobre ultrapassagens perigosas. “Quando uma carreta dá seta para a esquerda, ela está avisando que vem outro veículo, impedindo uma ultrapassagem arriscada. Isso é um exemplo claro da responsabilidade do maior sobre o menor”, detalha Gouveia.
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Por outro lado, há situações em que essa consciência não é aplicada, como o desrespeito às ciclofaixas. “Nas primeiras horas da manhã, a gente vê muito carro andar ou estacionado na ciclofaixa, obrigando o ciclista a se expor ao risco ao desviar para a via principal. Essa é uma infração gravíssima, com multa triplicada”.
Na prática, o descumprimento da regra da responsabilidade ainda é comum e está entre as principais causas de acidentes diários nas cidades e estradas. Os pedestres também sofrem com a falta de respeito. Atravessar na faixa sem semáforo deveria ser algo natural, mas os motoristas que não param ou tentam ultrapassar antes mesmo que a travessia seja concluída. O correto é aguardar até que o pedestre esteja em segurança. Em alguns casos, este fator contribui para os índices de atropelamento.
“Em uma faixa sem semáforo, chamada de faixa cidadã, muitos motoristas não param, e o pedestre precisa se arriscar para atravessar. Esse tipo de comportamento poderia ser evitado se o artigo 29 fosse cumprido”.
A imprudência somada à falta de conscientização resulta em acidentes graves, os quais os ciclistas e pedestres são os mais prejudicados nesse jogo. “Muitas vezes, o pedestre atravessa de forma errada, em diagonal, o que prolonga o tempo de exposição e aumenta o risco de ser atingido”, considera.